A vida não é um ensaio como no teatro. Só se vive uma vez. Você jamais terá outra oportunidade de viver este momento. Nem qualquer dos seguintes. Então é melhor levar uma vida boa. Ver a vida cor-de-rosa. E para isso não é preciso ter experimentado todas as posições do Kama Sutra, nem ter abusado de nenhuma substância. Pelo contrário. As ideias mais simples são as mais fortes. O ideal seria poder colar asas de anjo em nossas costas para voar bem alto. Para longe de tudo o que não está bom. Para finalmente ficar nas nuvens. Nadar na felicidade. Durante a vida toda. Posso lhes emprestar minhas asas quando quiserem... mas cuidado com a queda! Porque as primeiras asas que conseguiram me fazer voar de verdade em direção à felicidade foram as que um dia brotaram na minha cabeça. Era sem dúvida tudo o que me restava a fazer: um motorista afobado tinha me quebrado todo. Eu fiquei preso à cama, incapaz de fazer qualquer movimento. Como uma borboleta presa na coleção de um entomologista. Sem me mexer. Com a mente invadida por borboletas negras. Muitos meses depois, nasceu a primeira borboleta cor-de-rosa. Depois outra. Depois mais outra. Logo eram centenas. E minha vida inteira mudou.
Cabe a você reconstituir suas próprias borboletas. A seu modo. E deixar o feitiço agir. Deixá-las se colorirem de rosa e se multiplicarem em sua cabeça: dar asas a seu espírito, dar asas a suas borboletas. E será sua vez de sentir as asas brotarem. Não será preciso colá-las, você vai decolar por si só, sem esforço. Como num passe de mágica.
(Dominique Glocheux)