Foi inútil. Mais uma vez larguei tudo sem ao menos ter começado. É sempre assim: quando as lembranças vão surgindo me vem uma vontade enorme de escrever. Como uma necessidade de colocar todo esse sentimento para fora, na esperança de que você, de alguma forma, pudesse ler. Bobagem. Acabo encarando a mesma tela em branco, a mesma tela que aguarda ansiosa por uma nova história. História esta que só desta vez poderia ser diferente, poderia ser alegre.
Eu nem me lembro quando foi a última vez que consegui escrever sem precisar apagar algumas frases. Ultimamente tudo parece com um desabado. Vou atropelando as palavras, esqueço o bom senso e me perco tentando entender o que aconteceu. Quando foi que as coisas mudaram, quando eu mudei.
Mas tudo isso é inútil. O tempo castiga demais quem não sabe esperar. Desde cedo é preciso aprender a ter paciência e acreditar que tudo deve acontecer no seu devido tempo. Talvez você saiba que ainda não aprendi a conviver com isso. Sou cheia de urgências, de agoras, e isso torna tudo ainda mais difícil.
Não consigo organizar o que penso. As ideias vêm e vão, e você está em todas elas. Apago, mudo frases de lugar, mas ainda assim eu não consigo. Escrever tornou-se desgastante demais. Tenho medo de me trair em minhas próprias palavras. Era um mundo completamente meu, sabe? Cada texto era um espelho de quem já fui um dia. Hoje já não consigo me encontrar neles. Até isso você mudou em mim.