Pular para o conteúdo principal

[Resenha] O que há de estranho em mim, de Gayle Forman


Brit viu a sua vida mudar de um dia para o outro. O convívio com a madrasta e a nova personalidade do pai já estavam difíceis, não havia dúvidas. Mas ela era uma adolescente e tinha um pai que sempre a amou, não era para a sua vida ter dado uma reviravolta tão grande e tão depressa.

Desde que sua mãe fugiu de casa, Brit foi acompanhando as mudanças que vieram em seguida. O pai aos poucos foi se afastando até encontrar uma nova esposa, que não fazia questão de demostrar qualquer empatia pela enteada. Logo veio Billy, tão pequeno, mas foi o golpe final na relação de Brit com o pai. Não que a garota não gostasse do irmão, ela o adorava, mas o pobre garotinho virou a desculpa perfeita para sua madrasta manter seu pai distante. Sua única válvula de escape era a Clod, a banda que a havia acolhido nos últimos tempos. Quando se inscreveu para participar da seleção de um novo guitarrista, Brit não sabia praticamente nada sobre música, mas eles a escolheram mesmo assim. Mais do que nunca, Brit sentia falta deles, mas agora ela precisava encarar a realidade.


Era para ser uma viagem em família para o Grand Canyon. A madrasta havia convencido o seu pai de que seria uma viagem perfeita. Apesar de ter resistido, Brit não teve como evitar a tão aguardada viagem. Mas tudo não passava de uma mentira. Como num passe de mágica, seu pai a havia deixado em um internato. Brit foi arrastada para dentro da escola sem nenhuma explicação, seu pai apenas repetia que era para o seu bem. Mal ele sabia como as coisas funcionavam na Red Rock.

Os primeiros dias foram terríveis. Nem mesmo uma prisão trataria os seus internos com menos dignidade do que aquilo. Brit foi mantida em uma solitária até que pudesse subir para o nível seguinte. A Red Rock dividia as suas alunas em seis níveis e todas começavam no nível 1. Conforme elas fossem cumprindo o programa e renegando a personalidade e as características que as tivessem levado até ali, eram promovidas para o nível seguinte. Chegando ao nível seis estariam prontas para voltar para casa. Se cometessem alguma infração, poderia ser rebaixadas para o nível anterior ou mesmo para o nível 1, e novamente começa a escalada em busca da liberdade.

“Quando me trancaram na Red Rock, comecei a me sentir vazia, cansada e, na maioria das vezes, revoltada. Em alguns dias, eu simplesmente desejava desaparecer da face da Terra. Portanto, não só eu não fazia a menor ideia de quando poderia voltar à minha vida normal, como também não sabia quem eu seria quando isso enfim acontecesse.”

Assim como Brit, as garotas que estavam internadas no colégio não tinham nenhum problema além da desconfiança da família. Algumas eram depressivas, gordas demais, mimadas ou lésbicas, e a Red Rock anunciava que seria capaz de colocar as meninas na linha novamente, com o tratamento adequado. O que eles não anunciavam eram que isso seria feito através de atividades desumanas. As meninas eram obrigadas a carregar blocos para construir um muro que seria demolido em seguida. A refeição era péssima. Além do tratamento baseado em xingamentos. Uma garota era colocada no centro de um círculo e as outras eram incentivadas a gritar todo o tipo de xingamento possível.

Aquela escola era uma loucura e Brit não iria ficar ali por muito tempo, querendo o seu pai ou não. Ela precisava dar um jeito de acabar com aquilo.

"Porque isto aqui não é um programa de auditório, em que abro o coração, depois você me dá uma enxurrada de conselhos e eu saio daqui feliz da vida. O que você quer, o que a Red Rock quer, é me transformar numa espécie de robô que nunca vai dicordar da minha madrasta, levantar a voz para o meu pai e fazer coisas "rebeldes" como tocar numa banda ou pintar o cabelo."



Já faz algum tempo que comprei esse livro. Já tinha lido outros dois livros da autora e não tinha me adaptado bem a escrita dela, mas acho difícil julgar um autor depois de ler apenas dois livros. Principalmente, porque eu no final do último ano eu li um dos lançamentos da Gayle Forman pela Arqueiro, o livro “Eu Perdi o Rumo”, um livro que não foi tão fácil de ler, mas ainda assim me surpreendeu positivamente. Então resolvi dar mais uma chance. Confesso que não foi uma das melhores leituras do ano, mas a história é boa. Se você prestar atenção na mensagem por trás dos personagens é possível ver a importância da história que a autora está tentando nos contar.

As meninas que estão na Red Rock sofrem com o preconceito e o medo da família. Muitas precisavam da ajuda certa, mas foram empurradas para algo que prometia a cura para o que os seus pais acreditavam ser fora do padrão ou do que era certo. Durante o livro, você irá acompanhar a evolução de todas, que apesar da hostilidade em volta, encontraram amigas onde se apoiar e entender que elas não tinham nenhum problema. Que elas poderia existir como de fato eram. No geral, é uma história surpreendente.

O final foi um tanto decepcionante. Duzentas páginas depois de acompanhar o desespero das garotas para conseguirem acabar com a escola, a autora encerra a história em menos de dez páginas. Isso me incomodou bastante, porque muita coisa passou sem nenhuma explicação e outras não tiveram a conclusão que mereciam.

Mas como eu disse, no geral é uma boa história. A escrita da autora fluiu bem e acabou sendo uma leitura rápida.

Comentários

  1. Oi, Michelly. Tudo bom?

    Eu nunca li nada da autora, assisti apenas a adaptação de Se Eu Ficar e não gostei muito. Sempre que eu lenho resenhas de algum livro dela fico com a impressão de que ela força um drama, não sei explicar direito.
    Este livro, no caso, não me faz sentir isso e é o primeiro que despertou meu interesse real de leitura.
    Só de ler as resenha fico garrada no ódio nesse pai por ele ter enganado ela e a jogado no internato. Chama a minha atenção também a dinâmica do lugar com os níveis e tal.
    Não é uma leitura prioritária, mas acredito que em algum momento da minha vida eu vou ver sim.

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

    ResponderExcluir
  2. Oi, Michele como vai? Belíssima resenha. Esse livro deve ser excelente de ser lido, principalmente para os leitores (a) que gostam do gênero. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

    ResponderExcluir

Postar um comentário