Sinto que encontrei um novo livro favorito para vida. Confesso que já não me recordo como cheguei até essa leitura, tenho a vaga lembrança de ter sido relacionado com o outro livro que li e gostei muito, enquanto procurava por algo semelhante na internet. Mas isso não é importante agora. Quero dizer que eu terminei esse livro com um misto de emoções, todas positivas, é claro.
“Amêndoas” ganhou destaque após ser indicado por um dos membros do famoso grupo de kpop, BTS. Não me considero fã do grupo, mas gosto bastante de algumas músicas e fiquei curiosa ao saber da indicação.
O livro apresenta a história do pequeno Yunjae, um garoto que desde muito cedo foi diagnosticado com uma doença rara, chamada alexitimia, que o impede de identificar e expressar sentimentos. Seja a felicidade, a tristeza, a empatia ou mesmo o amor, nada disso era percebido por ele. Sua mãe tinha medo que ele fosse visto com um monstro e que sofresse pelo fato de outras pessoas não entenderem a sua condição, por isso, ela tentava ensiná-lo a perceber como os outros se sentiam e como ele deveria se sentir em determinadas situações. Ela espalhou palavras pelo apartamento em que moravam e o fazia praticar os sentimentos mais simples a fim de prepará-lo para o mundo.
Mas, por algum motivo, minhas amêndoas não parecem funcionar direito. Não se iluminam quando estimuladas. Então não sei por que as pessoas riem ou choram. Alegria, tristeza, amor, medo — todas essas coisas são ideias vagas para mim. As palavras "emoção" e "empatia" são apenas letras sem sentido impresas em papel.
Aos 15 anos, Yunjae não tem amigos, é visto como um garoto esquisito na escola e sofre com o bullying constantemente. Ele não poderia se importar menos, porque não consegue interpretar as ofensas que recebe. Mas, dentro da bolha criada para protegê-lo, sua vida é tranquila, vivendo com a mãe e a avó, em cima do sebo que sua mãe administra.
Para comemorar seu aniversário de 16 anos, sua pequena família sai para jantar. O que deveria ser uma noite alegre, vira o mundo de Yunjae de cabeça para baixo. Uma tragédia faz com que Yunjae fique sozinho pela primeira vez em sua vida. Agora, ele precisará lidar com sua doença e enfrentar as dificuldades para conhecer pessoas novas.
— Pais começam com grandes expectativas para seus filhos. Mas, quando as coisas não acontecem como o esperado, só querem que seus filhos sejam pessoas comuns, supondo que isso é simples. Mas, rapazinho, ser uma pessoa comum é a coisa mais difícil de se conseguir.
“Amêndoas” é escrito em capítulos bem curtinhos, que tornam a leitura leve e fluída. No decorrer das páginas, vamos percebendo o crescimento do jovem Yunjae e o quanto ele amadureceu. Ao se ver sozinho, ele começa a demonstrar interesse ou curiosidade em conhecer outras pessoas. É assim que ele acaba criando uma amizade com o Gon, um jovem que tem uma história conturbada e que acaba chocando com a vida do nosso Yunjae. Ele também é um garoto visto como esquisito e, às vezes, um monstro. Também por uma tragédia, Gon não pode viver a infância como tinha direito. Isso o privou de muitas coisas e o tornou um criança revoltada, com a intenção de se proteger do mundo.
Em meio a um cenário estranho, Yunjae e Gon criam um laço inesperado e tornam-se amigos. Essa amizade vai ajudar o Yunjae a aprender e entender sobre os sentimentos, ao mesmo tempo, ajudará o Gon a perceber que ele é muito mais do que cresceu acreditando que fosse.
Pegando emprestado a descrição de Vovó, uma livraria é um lugar densamente populado por dezenas de milhares de autores, mortos ou vivos, morando lado a lado. Mas livros são silenciosos. Eles permanecem em silêncio até que alguém folheie uma página. Somente aí deságuam suas histórias, calma e completamentes, sem nunca ir além do que eu posso aguentar por vez.
Uma curiosidade sobre o título do livro é que a doença do Yunjae é relacionada ao tamanho de uma parte do cérebro chamada de amígdalas. O Yunjae a chama de amêndoas, por conta da semelhança entre elas.
A história é simples, mas ao mesmo tempo é carregada de reflexões e autoconhecimento. Apesar da narrativa ser pelo ponto de vista do Yunjae, um garoto que acaba de completar 16 anos, traz um peso enorme para a leitura. É fácil perceber que ele foi muito protegido durante toda a sua vida, mas, quando se viu sozinho, foi capaz de escolher o próprio caminho.
Esse é o tipo de livro que as páginas vão passando sem que você perceba e, no fim, ficamos com uma sensação de conforto e felicidade. A diagramação, também, é maravilhosa e torna a leitura bastante fluída. Não há muito mais o que dizer sem deixar alguns spoilers por aqui. Tudo o que posso pedir é que deem uma chance para essa história e aproveitem cada pedacinho dela.
Até o próximo post! 😄
Tenho lido pouquíssimo nos últimos meses, o que me fez acumular livros que eu comecei, mas não consegui terminar. Já tinha colocado na cabeça que eu não faria mais isso, porque acabo com ansiedade de ver todos esses livros abandonados pela metade e não consigo me concentrar o suficiente para continuar as leituras. Como aqui esquecemos das coisas com certa frequência, na tentativa de conseguir engatar uma leitura, acabei começando três livros:
- De Sangue e Ossos, da Nora Roberts
- O Exorcismo da Minha Melhor Amiga, da Grady Hendrix
- Harry Potter e a câmara secreta