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[Resenha] Sem Saída, de Taylor Adams


O recesso do Natal não seria agradável este ano. Darby acabou de descobrir que a mãe está com câncer no pâncreas e estava entrando em uma cirurgia, em um hospital de Utah. É para lá que está indo agora. Na última mensagem que enviou a sua irmã, perguntando sobre o estado de saúde da mãe, ela recebeu apenas uma resposta vaga, afirmando que naquele momento ela estava OK. Darby sabia que isso poderia significar muitas coisas. É por isso que ela estava dirigindo em meio a uma nevasca, o mais depressa que conseguia. Ela precisava chegar a tempo ao hospital.

Quando deixou o dormitório da faculdade, sem sequer se lembrar do carregado do seu celular, Darby acreditava que conseguiria chegar. Agora, em meio a tanta neve, com um limpador de para-brisas quebrado, Darby sabia que Blue, o seu velho carro, não aguentaria. Coincidência ou não, uma parada de descanso estava a poucos metros a sua frente. Outros carros estavam no estacionamento, enquanto seus passageiros esperavam dentro do prédio. Não havia previsão para o limpa-neve passar por lá. Além de uma baita tempestade, um acidente bloqueava o caminho e a previsão era apenas para a manhã do dia seguinte. Seriam horas de espera e não havia sinal para celular ou wi-fi no local.

Ao entrar no prédio, Darby conheceu rapidamente os outros passageiros. O primeiro, um homem com mais de cinquenta anos, com uma barba e barba grisalha. Ele viaja acompanhado de uma mulher, que não aparentava gostar nenhum pouco da sua companhia. O terceiro, um cara tagarelava o tempo inteiro, sem descanso. Tudo parecia uma brincadeira para ele. Para Darby, algo ali não se encaixava. Algo parecia falso. Forçado.

Ainda assim, seguindo as instruções dele, Darby caminhou pela parte externa da área de descanso em busca de sinal de celular. Sem conseguir um único pontinho capaz de receber ou enviar um SMS, Darby decide voltar. Fazendo um caminho diferente, ela volta pelo estacionamento. Ao passar entre o seu carro e um furgão, algo chama sua atenção. Pela janela escura do furgão, Darby vê uma mão pequena, que subitamente some da sua visão. Era uma criança, ela tinha certeza. Quem seria capaz de deixar uma criança presa dentro de um carro em meio aquela tempestade? Mas Darby sabia que tinha visto algo mais, aquela mãozinha estava segurando uma grade.

O desespero toma conta de Darby. O furgão com certeza pertencia a uma das pessoas dentro daquele prédio. Isso significava que um deles havia sequestrado aquela criança. Ou talvez estivesse fazendo algo muito pior. Mas o que ela poderia fazer agora? Ela estava presa naquela parada de descanso com todos os outros, junto com o criminoso, e tudo indicava que ela ficaria ali por horas a fio. Seu carro não seria capaz de sair dali em meio a tanta neve. Quem estivesse fazendo aquilo logo perceberia que a criança havia fugido, e o que ela faria com aquela criança? Ela precisava pensar e acima de tudo, precisava manter a calma. Se a pessoa errada soubesse o que ela tinha descoberto, ela morreria antes de conseguir ajudar.



Nas primeiras páginas, o livro apresenta um cenário completamente sem opções para Darby. Ela nunca foi apegada a crianças e sequer sabia como lidar com elas, mas algo lhe dizia que ela não poderia simplesmente deixar a criança por conta própria. O seu lado racional dizia que ela deveria esperar o desbloqueio das estradas para ir a algum lugar em que pudesse avisar a polícia sobre o sequestro. Ela só precisaria dar as informações do veículo e deixar que a polícia cuidasse do assunto. Mas a imagem daquelas mãos agarrando a grade estava presente em sua cabeça. Ela faria algo. Não iria esperar para que a polícia resolvesse tudo. Se o criminoso conseguisse fugir com a criança, ela nunca se perdoaria por não ter tentado ajudar.

Darby também sabe que sozinha será impossível. Ela é magra e pequena, não teria chance contra nenhuma das pessoas dentro daquele prédio. Ela precisava contar a alguém. Mas ela também sabia que precisaria escolher com cuidado. Se contasse o que descobriu para a pessoa errada, tudo estaria perdido.




A partir desse ponto, a história vai se preenchendo com pequenos detalhes e uma reviravolta atrás da outra. Confesso que nos primeiros capítulos eu já estava desconfiando de todos, inclusive da criança dentro do furgão. Conforme a história vai avançando é possível perceber que tem algo muito errado em tudo o que está acontecendo e que ninguém ali dentro é confiável.

O autor construiu uma história dentro de um espaço limitado e com poucos personagens sem perder o ritmo e decepcionar quem está lendo. O livro inteiro acontece nesse curto período de tempo em que essas pessoas estão presas dentro da área de descanso. Todos os personagens inseridos na história são importantes e bem construídos. As informações que vão aparecendo durante a leitura são usadas a todo o momento, o que faz com que você tenha que prestar atenção em todos os detalhes, porque são eles que irão te ajudar a chegar ao final dessa história.

Acabei a leitura em menos de dois dias e já faz algumas semanas. Mas ainda estou em choque com o rumo que a história tomou. Foi um livro que me conquistou logo de cara e que eu não consegui deixar de lado por muito tempo até terminar. Para leitores que gostam de um bom thriller, esse livro é uma dica preciosa!

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