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[Resenha] Des-grávida, de Jenni Hendriks e Ted Caplan



Veronica Clarke é a aluna perfeita, namora um dos atletas da escola e foi aceita para a faculdade dos seus sonhos. Além disso, o ano letivo já estava acabando e ela tem grandes chances de ser a oradora da turma. Não há nada que pudesse impedi-la de se formar com louvor no ensino médio. Nada, a não ser o resultado de um único teste. Ela havia se preparado para todos os exames e tirado boas notas, mas aquele era um que ela esperava ser reprovada. O mundo parecia desabar sobre ela naquele momento. Escondida em uma cabine do banheiro feminino, ela tentava manter a calma enquanto esperava o tempo necessário para saber a resposta. De repente, a porta do banheiro é aberta e com o susto o teste vai parar longe. E aí, quando tudo parecia dar errado, o destino prova que ainda pode ser cruel. Do outro lado da cabine está sua ex-melhor amiga, Bailey Butler. Uma garota problemática, que assustava a todos na escola. Elas costumavam andar juntas, mas ao entrar no ensino médio, Veronica tinha decidido que buscaria novas amizades e seria a garota perfeita e isso não incluía Bailey. Por isso, desta vez, nada impediria que Bailey usasse o que havia descoberto ao seu favor.

Veronica teria que correr contra o tempo e agarrar sua única chance. Ela não se sente pronta para ter esse filho e algo descobrir o que o seu namorado perfeito havia feito, ela consegue decidir o que precisa ser feito. Ela não terá esse bebê. Mas para seguir com o plano, ela vai precisar de ajuda e já que ela não poderá contar com o seu namorado nem com nenhuma das suas amigas perfeitas, sua única opção será recorrer a única pessoa que não a julgaria por isso: Bailey. Veronica só precisaria convencer sua ex-melhor amiga a salvar os seus planos.

Por algum motivo, Bailey aceita a proposta e irá partir em uma viagem rumo a uma clínica de aborto. Uma viagem de final de semana onde ninguém poderia desconfiar dos motivos de Veronica estar longe. Durante todo o percurso algumas verdades serão expostas e revividas. O motivo de Veronica ter se afastado da única pessoa que a conhecia e sequer a julgava, o medo que ela tem de não ser a garota perfeita que todos esperam. Enquanto isso, ela poderá redescobrir uma amizade que ela já nem lembrava que sentia falta. Bailey criou uma personagem forte e corajosa para mostrar a todos, mas ainda existe uma parte dela que talvez só Veronica possa alcançar.




Des-grávida” é um livro leve e que pode aparentar girar em torno da decisão que Veronica Clarke precisa tomar. Mas nada é tão superficial assim. É uma história que fala sobre medo, decepções, fardos maiores do que deveríamos carregar. O que mais me chamou a atenção neste livro é o fato de ser exatamente isso: não se trata sobre o aborto. Veronica não tem dúvidas sobre o que irá fazer. Ela está totalmente consciente das consequências e o que poderia ser da sua vida se ela somente assumisse a gravidez. Mas essa não é uma opção para ela. Desde o começo, por mais que ela estivesse com medo de assumir que era o que ela realmente queria, ao chegar o momento, ela está totalmente segura de ter feito a escolha certa.

No fim, o aborto acaba sendo um assunto secundário, sem tanta importância na história. E isso me ganhou. Os autores souberam dar importância a pontos importantes e que também merecem nossa atenção, como a amizade e a aceitação. Tanto Veronica como Bailey se passam por pessoas fortes e decididas, mas por trás estão sempre em busca de algo mais. Veronica que ser aceita, ser melhor. Bailey também quer ser aceita, mas diferente da Veronica, ela não quer que as pessoas a vejam como alguém perfeito. Ela quer se vista como realmente é e sem ser julgada por isso.

Aos poucos vamos entendendo o que a separaram e iremos presenciar a aproximação das duas. E essa é uma amizade que nos conquista logo de cara. São duas pessoas diferentes e ao mesmo tempo bastante parecidas. O que só torna o livro ainda mais gostoso de ler.

Agora, antes de terminar essa resenha, preciso dizer o quanto eu o-d-i-e-i o namorado da Veronica. Gente do céu, que cara insuportável, detestável e infantil. Não consigo descrever o quanto ele me deixou desesperada para terminar a leitura. Em alguns momentos tive que deixar o livro de lado para respirar e acalmar a raiva que eu tive dele. Ele tem um medo irracional de perder a Veronica, o que me fez entender que o que ele sente por ela sequer é amor. O relacionamento deles é abusivo e isso aparece de forma sutil na história. Talvez sutil não seja a palavra certa, mas é demonstrado de uma forma tão “discreta” que algumas pessoas achariam normal. E com o decorrer da história isso vai ficando cada vez mais nítido, até chegar a um ponto que é impossível não querer matar o personagem em cada aparição dele na história.

Enfim.

É isso. Eu adorei a leitura! É uma história que apesar de ter um tema pesado, foi crescendo e se desenvolvendo de forma leve, divertida e próxima da realidade. Traz uma leitura leve, fluída e contagiante. É um livro que vale a pena conhecer e gostosinho de ler.




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