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[Resenha] Esposa Perfeita, de Karin Slaughter



Esposa Perfeita
Karin Slaughter
Editora Harper Collins
Onde comprar: Amazon

Sinopse: Com a descoberta de um corpo de um ex-policial em um canteiro de obras, o detetive Will Trent é chamado para resolver um caso muito perigoso. Ao analisar o cadáver, Sara Linton – nova investigadora forense e amante de Will – nota que parte do sangue do presente na cena do crime é de outra pessoa. Há uma outra vítima: uma mulher, que desapareceu... E que vai morrer se não for encontrada logo. Para piorar, o terreno pertence a um atleta rico, poderosos, com amigos no Congresso e um dos advogados mais inescrupulosos que existem. Um homem que já escapou de acusações de estupro, apesar dos esforços de Will para colocá-lo na cadeia. Mas o pior ainda está por vir. Evidências conectam o passado turbulento de Will com o crime... E as consequências vão despedaçar sua vida, colocando Will em conflito com todos ao seu redor, incluindo seus colegas de trabalho, sua família, seus amigos e, acima de tudo, o suspeito que ele tanta procura: sua ex-mulher.

Esposa Perfeita é o oitavo livro da série sobre o detetive Will Trend, escrita por Karin Slaughter. Apesar de fazer parte de uma série, o livro pode ser lido separadamente sem atrapalhar a sua leitura.

O livro começa com um prólogo capaz de surpreender o mais exigente dos leitores. Nele a autora traz a cena de uma mãe abraçando a filha pela primeira vez e, ao mesmo tempo, pela última vez. As duas estão gravemente feridas e não há tempo para começar uma relação que foi rejeitada mais de vinte anos atrás, o possível assassino da filha está se aproximando.

Depois dessa introdução, o mistério enfim começa. O corpo de um ex-policial foi encontrado em um prédio abandonado e a cena do crime não pode ser descrita como algo menos que assombrosa. A sala está completamente revirada e ensanguentada, a possível arma do crime é a maçaneta que ainda está próxima do corpo. Não há como o estrago ter sido causado apenas pelo ferimento do ex-policial, Dale Harding. O primeiro exame da policia forense indica que o sangue na sala pertence a uma terceira vítima ou até mesmo do assassino. Uma mulher.

Nada nesse caso parece fazer sentido, algumas peças não se encaixam e a pressão para descobrir o que aconteceu é enorme, afinal, ter sido um péssimo policial não significa nada quando encontram o seu corpo em uma cena como essa. Logo a Agência de Investigação é chamada e, para surpresa do detetive Will Trend, o prédio onde o corpo foi encontrado pertencer famoso jogador de basquete Marcus Rippy. Coincidência ou não, Rippy foi o protagonista do último caso investigado por Will. Acusado de estupro, o jogador conseguiu sair impune com ajuda dos seus advogados.


Para Will, o fato dos casos terem alguma ligação só não seria pior que o terror de encontrar os objetos da sua esposa na cena do crime. A relação entre Will e Angie nunca foi fácil e há muito tempo ele havia desistido de entendê-la. Angie sumia por semana, meses sem dar notícia e sempre voltava quando precisava de dinheiro. Por quase um ano Will procurou a esposa para que ela assinasse os papeis do divórcio, foi quando o seu relacionamento com Sara começou. Ele estava feliz até o momento em que encontrou as coisas de Angie naquela sala. Sara era a legista responsável pelo caso e ela havia acabado de afirmar que restavam poucas horas de vida para o suposto assassino. Ele precisava correr. Se Angie estivesse precisando de ajuda, Will era o único capaz de encontra-la.

A trama se desenrola muito bem até aqui. Os capítulos são longos, mas não são cansativos. A autora traz uma boa descrição do trabalho realizado pela policia forense na cena do crime. O que acaba sendo um prato cheio para os fãs de séries como CSI. E acredite, até aqui não estamos sequer perto da página cem do livro.



Em seguida as equipes são divididas, enquanto a chefe de Will tenta mantê-lo afastado do caso. Afinal, como ela explicaria o fato de Will encontrar o corpo da esposa que ele estava tentando encontrar para assinar o divórcio e conseguir ficar com sua nova namorada, que por sinal era a legista responsável pelo caso? E ela como poderia segurar um cara que acha que pode proteger todos a sua volta?

Alguns pontos da história giram em torno do relacionamento mais que complicado de Will e Angie. Ao mesmo tempo em que o caso de estupro investigado por Will pode ter alguma relação com a nova investigação. Will precisa seguir os passos de Angie para conseguir alguma pista do que aconteceu naquele prédio abandonado. Se Angie era a única capaz de explicar o que houve, ele precisava encontra-la com vida e o tempo estava passando rápido.

Preciso dizer que eu acabei o livro em uma relação de amor e ódio pelo protagonista. Will é o cara fechado e que não deixa claro o que sente por Angie. Isso causa problemas no relacionamento com a Sara, é claro. Muita coisa pode ser explicada quando descobrimos o passado dele. Will e Angie cresceram em orfanatos e entre um lar adotivo e outro sofreram muito! Will carrega as marcas da violência no corpo, enquanto Angie precisou lidar com abusos sexuais e psicológicos. Duas pessoas que apesar de demonstrarem dureza, precisam lidar com as dores do passado. E apesar de o romance ficar em segundo plano é através dele que boa parte do mistério é desvendada.


Esposa Perfeita traz relacionamentos abusivos, violência contra mulher, abuso sexual e psicológico dentro e fora do meio familiar, além do descaso com crianças que vivem em lares adotivos. O livro inteiro é uma crítica explicita a sociedade e a pessoas que se sentem livres de agir como bem entendem sem arcar com as consequências dos seus atos. A autora mostra, de maneira dura, quem realmente sofre com o descaso da sociedade.

Já disse aqui no blog antes de concluir a leitura, mas Karin Slaughter conseguiu criar um thriller maravilhoso, que flui muito bem e que instiga o leitor a cada página!

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