Olá!
Como você está?
Eu ando sentindo falta de colocar em algum lugar os meus pensamentos, como se, por ignorá-los, tudo ganhasse uma proporção maior do que de fato é. Você também já se sentiu assim?
Vamos do começo então.
Passei o último ano lutando com a minha saúde mental. É claro que eu já sabia que não estava bem. Nos últimos quatro anos, a minha mente tem oscilado de forma assustadora e incontrolável. Por todo esse tempo, fui ignorando os inúmeros sinais que o meu corpo estava dando. Ignorei o pânico, a apatia, o desânimo e a falta de paciência com tudo e todos. Ignorei até que um episódio me fez perceber o quanto estava afetando as pessoas a minha volta.
Não fechei os olhos para todos esses sinais por preconceito ou medo de procurar ajuda. Apenas não queria investir a energia necessária para dar o primeiro passo e enfrentar a causa de tudo isso. Eu sempre soube o que me levou até esse momento e não tinha a menor pretensão de me livrar da culpa (assim como ainda não tenho).
Mas eu só estava disposta a empurrar os problemas enquanto se restringiam a minha pessoa. Saber que eu estava arrastando outras pessoas para o mar de confusões e irritabilidade me deixou frustrada e cansada o suficiente para tentar mudar.
Desde então, eu venho enfrentando algumas batalhas, onde, na maioria das vezes, acabei perdendo. Viver com depressão e ansiedade é extremamente cansativo. Há dias em que não quero sair do meu quarto e me obrigo a sair e ir trabalhar. Assim como há momentos em que a escolha do trajeto para o trabalho me causa um medo absurdo e me sinto pior por tentar não demonstrar o pânico em público.
Há dias em quero fazer tudo o que deixei parado, tirar a poeira e seguir em frente. Nesses dias, sinto que estou de volta. Eu sinto que posso dar conta da minha mente, que posso controlar as minhas decisões. Eu posso acordar com mais facilidade, posso ir trabalhar com a esperança de ter um dia calmo, tranquilo. Esses dias podem até se estender para uma semana, talvez duas ou três.
Mas, inevitavelmente, o pico de energia se esgota.
Então me vejo novamente com crises de ansiedade, seguida por um período depressivo. Tudo isso enquanto luto para não envolver outras pessoas na mesma bagunça.
É um ciclo que não tem fim.
Mas eu continuo aqui. Continuo insistindo na mudança, em ficar bem, por motivos que são apenas meus.
Não há mal em perder algumas batalhas se você não desistir da guerra. O descanso é necessário para nos dar a força que precisamos para enfrentar o mundo. Hoje, eu tento me sentir grata por conseguir ler algumas páginas, por me alimentar bem, por fazer um bom trabalho. Pequenos momentos de estabilidade em meio a tempestade.

Enquanto escrevia, eu percebi que logo estaremos em setembro, o mês dedicado à prevenção do suicídio, e me faz pensar no fardo que algumas pessoas carregam sem falar com ninguém, sem conseguir conversar ou pedir ajuda.
Nenhuma pessoa é capaz de entender o peso que o outro carrega. O que parece algo superficial para você, pode ser a maior dor que alguém irá carregar na vida. A situação até pode ser parecida, mas ninguém sabe a bagagem que o outro carrega e é isso o que diferencia a forma como reagimos aos obstáculos que a vida apresenta.
Sendo assim, não julgue as batalhas dos outros. Seja gentil e ofereça ajuda para aqueles que precisam. Lembre-os de que não estão sozinhos e que uma simples conversa pode ajudá-los a seguir em frente.
Ainda temos muito o que melhorar, como sociedade, para acolher da forma correta as pessoas que sofrem com transtornos mentais. Mas isso não quer dizer que, como indivíduo, precisamos agir como a sociedade nos impõe.
Seja gentil.
Vamos conversar! Não esqueça de comentar e ativar as notificações. :)
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