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Ausência de mim


Os últimos dias praticamente não existem na minha memória. Sinto que passei por eles sem me dar conta, sem perceber o tempo desperdiçado. Quando paro e também preciso me esforçar para lembrar de como foram as semanas anteriores ou mesmo o mês anterior, tenho um sentimento de profunda ausência. Ausência de mim. De vida.

Desde o ano passado, tento acalmar a minha mente e as minhas emoções. Tento sair do turbilhão que transformou a minha vida em uma completa loucura. Acontece que, nesse processo, eu perdi muito de mim mesma. Eu sinto que deixei uma parte significativa da minha personalidade para trás. Enquanto escrevo, percebo que não consigo pensar em algo que me deixa feliz, além da leitura. É claro que os livros são uma imensa parte da minha vida, mas ela não costumava ser apenas isso.

Me pergunto: para onde foram todos os meus sonhos e hobbies? Eu costumava me animar para escrever, para ver filmes, séries… Mesmo sair sozinha — tendo pavor e ansiedade só de pensar em ter que conversar com outras pessoas —, me animava. Hoje, passo as minhas horas livres em casa, presa em pensamento que não me levam a lugar algum e sem conseguir dar o primeiro passo para começar.

Eu sinto que melhorei muito no último ano. Eu sinto que, entre altos e baixos, a depressão e ansiedade começaram a me dar espaço para ser mais do que isso. Ao mesmo tempo, eu sinto que, a qualquer momento, vou voltar para o poço do qual eu venho lutando para sair há alguns anos.

Eu preciso me obrigar a fazer alguma coisa. Não está adiantando deixar o tempo livre para fazer algo que desejo. As diversas possibilidades me paralisam. Então, percebi que preciso de obrigações, preciso de listas, porque, assim, terei que segui-las sem desculpas.

Nunca fui de usar agenda ou planner, mas já gastei muito dinheiro com eles Eu perco o interesse após as primeiras semanas. Quero pensar em um meio-termo, algo em que eu possa listar as minhas tarefas, mas que não seja rígido, que seja algo que me permita alterar quando sentir necessidade. Vou passar os próximos dias buscando alternativas, mas a minha única exigência é que seja algo fora das telas. Gosto do papel, gosto de sentar e investir tempo escrevendo, enquanto tomo uma xícara de chá (já que o café não é mais permitido).

Eu quero voltar a usar a minha câmera. Eu quero usar os cadernos que comprei para estudar. Eu quero começar o casaco de tricô que pensei em fazer, até porque eu já tenho o material em casa, basta sentar e começar. Eu quero dedicar um tempo para tomar um café da tarde com calma, no final de semana, aproveitando cada momento.

São muitas possibilidades e quero colocar todas no papel. Eu tenho muito trabalho pela frente, mas sinto que estou no caminho certo. Se tudo correr bem, vou me encontrar novamente. E, quem sabe, descubra algo novo sobre mim.


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