As pessoas que amamos ficam conosco para sempre… às vezes de maneiras surpreendentes.
Um ano depois do avião em que o marido viajava desaparecer no oceano Pacífico, Abby Gamble ainda tenta superar a dor da perda. O relacionamento entre ela e Ben era incondicional, profundo, e se fortaleceu ainda mais ao terem de lidar com uma tragédia anos atrás. Abby sabia que Ben iria querer que ela seguisse em frente. Seu primeiro passo foi entrar de cabeça no trabalho, dedicando-se a sua empresa de cosméticos… até que ela conhece Joel, um médico cujo passado é tão repleto de cicatrizes quanto o dela.
Joel nunca se perdoou por uma decisão que tomou ainda na infância, que resultou numa fatalidade. Esse evento o fez direcionar todas as suas escolhas de futuro para se redimir do passado. Quando conhece Abby, ele decide se dar uma nova chance, mas Abby ainda resiste à ideia de deixar a história com Ben para trás.
No entanto, desde que o avião caiu, Ben busca uma maneira de voltar para Abby. De alguma forma, ele precisa reencontrar a esposa novamente.
Eu me surpreendo com a facilidade com que o Charlie Donlea consegue criar uma trama que sempre prende a atenção e nos força a continuar lendo e lendo por horas a fio. O autor preenche as suas histórias com um enredo repleto de suspense, teorias sem fim, além de personagens fortes e carismáticos ao ponto de nos pegarmos torcendo por eles até a última página. Conhecido pela habilidade de escrever bons thrillers, o autor provou que pode navegar por outro estilo com a mesma facilidade. "Antes de Partir" é uma prova disso.
O primeiro romance do autor vem carregado de emoções diferentes que tornam a história especial. Para começar, a dor da perda, o sentimento que todos nós enfrentaremos em algum momento da vida. Seja a dor do luto ou a dor de reconhecer que amar também significa dar ao outro a oportunidade de ser feliz. Esse é o foco principal da história. O autor trouxe de forma intensa o retrato do que é perder alguém que amamos e ter que entender que a vida precisa seguir em frente, no tempo de cada um.
E é em meio a dor do luto que conheceremos Abby Gamble. Ela acaba de perder o marido – Ben Gamble – em um acidente de avião, o homem que amou nos últimos 15 anos. Abby é uma mulher forte que criou o próprio negócio enquanto estava na faculdade e conseguiu construiu uma marca reconhecida e bem-sucedida.
Uma década atrás, Abby e Ben tiveram que lidar com a perda que quase acabou com o casamento deles. Não pela falta de amor e compromisso, mas por não saberem como enfrentar e falar sobre a dor. Aos poucos, descobriram o caminho de volta. Juntos. Agora, Abby enfrenta outra perda e precisa seguir em frente sem a pessoa que foi o seu alicerce por muito tempo, e essa será a tarefa mais difícil que ela terá de superar na vida.
Abby sabe que Ben iria querer que ela não ficasse sozinha, que estivesse com a família e que não se fechasse para o amor outra vez. O amor deles era incondicional e para sempre, assim como a ligação que construíram desde a primeira vez que se viram. Com o apoio da irmã e melhor amiga – Maggie –, Abby vai conquistando pequenas vitórias. Quando ela conhece o médico Joel Keaton, na academia, um turbilhão de sentimentos a consomem, como se ela estivesse esquecendo e apagando Ben da sua vida.
Ao mesmo tempo, conheceremos mais sobre a vida de Joel. O médico é conhecido no trabalho e pela família como uma pessoa dedicada apenas ao trabalho, sem tempo para vida pessoal. Com o decorrer da narrativa entendemos o que tornou Joel uma pessoa que se isola do mundo e que nega a si a chance de ter uma vida diferente. Ainda jovem, Joel precisou lidar com uma terrível perda e com a culpa por não ter feito tudo o que podia. Através da história de Joel, somos levados a entender que viver olhando constante para o passado e nos responsabilizando por todos os “e se…” que acompanham as consequências dos nossos atos, nos impede de dar o primeiro passo para seguirmos em frente.
Também somos apresentados ao ponto de vista de Ben e a escolha que ele terá de fazer pela felicidade da sua esposa. É através dele que somos surpreendidos com o decorrer da história. Particularmente, eu torci demais por ele. Os capítulos dele são repletos de mensagens que me emocionaram, triste e cheia de esperança. A reviravolta na história dele me pegou desprevenida. De verdade, foi só no finalzinho do livro que eu comecei a entender o que estava acontecendo. Quando comecei a assimilar o desenrolar da história, bateu uma tristeza tão grande.
Como um todo, não há nada que eu posso criticar nesse livro. Esse livro acabou se tornando o meu favorito do autor. A experiência dele com thrillers deu um toque especial para essa história. Entendo que são estilos diferentes, mas a bagagem do autor em saber como criar um bom mistério e esconder detalhes que solucionam a história, foi o que fez a diferença para que eu me surpreendesse com cada reviravolta que surgiu durante a leitura. Charlie Donlea com toda certeza pode escrever o que ele quiser que será sempre um sucesso incontestável. Acabei o livro com uma sensação de ter tirado um peso dos ombros, principalmente após ler a nota do autor no finalzinho. Confesso que sou do grupo que não lê os agradecimentos e mensagens do autor no final e eu nem sei explicar o motivo. Mas desta vez, eu li e foi um choque, me tocou profundamente por ser algo do qual eu entendo. Então, lembre-se disso quando for ler Antes de Partir, não pule a nota do autor no fim. A mensagem ali é importante e nos faz pensar em muitas coisas.
Acho que isso é tudo o que consigo falar sobre esse livro. Ainda quero falar mais sobre ele, então você verá alguns posts por aí.
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