
Tenho plena convicção de que todo mundo deveria ser fã de algo ou alguém. De que, ao menos uma vez na vida, todo mundo deveria sentir o êxtase de estar em um lugar desconhecido, com pessoas desconhecidas, compartilhando a mesma emoção. O simples ato de abraçar um estranho, por apenas dividirem um sentimento, muitas vezes incondicional, nos torna pessoas conscientes de uma realidade inalcançável até então.
Durante muito tempo, eu tive medo de deixar que as pessoas soubessem de pedaços da minha personalidade, como que comida eu gostava, qual eu não gostava; qual tipo de música eu escutava, qual eu detestava. Foi como viver presa em uma versão de mim que eu não reconhecia.
Mas a vida tratou de me derrubar, vezes o suficiente para me fazer entender que o esforço de me esconder estava me deixando infeliz. Desde então, eu venho direcionando os meus esforços para deixar que as pessoas percebam como eu realmente sou, independentemente da reação que eu vá receber em troca.
Uma parte minha que tenho exposto bastante é a fanática. Sou fã de artistas que muitos podem considerar vergonhosos, de livros que poucos amam, de lugares que fui uma única vez. Sou fã de inúmeras coisas que me fazem transbordar de felicidade em momentos que sinto que a esperança está acabando. E sinto que não sou obrigada a compartilhar esses pedaços de mim com ninguém. Se o faço é por puro desejo de falar sem filtrar as palavras.
Mais uma vez eu quis trazer um pedaço de mim aqui. Um pedaço que foi imensamente feliz nesse dia e quer deixar uma memória escrita e guardada com carinho para nunca esquecer.
No dia 31/10, fui ao show do Imagine Dragons no Morumbis. Uma banda que nunca me arrependo de investir meu dinheiro. Tenho ido em todos os shows que desejo e posso ir. Nos últimos dois anos, decidi ir a três shows do Imagine Dragons, e eu posso dizer que sempre saio de lá em profunda catarse. É impossível descrever como eles conseguem nos transportar para uma realidade paralela, onde tudo é possível, onde podemos ser quem somos, onde podemos lembrar que "a vida vale a pena ser vivida".
Eu descobri que amo ir em shows, amo viver a experiência de esperar o início do show, de conversar com pessoas que não conheço. Descobri também que volto uma pessoa completamente diferente desses shows. Volto uma pessoa corajosa, decidida e feliz.
O ato de ser fã transforma a vida. Para aqueles que nunca se permitiram amar algo que não pudessem racionalizar, pode ser difícil compreender a imensidão desse sentimento. O que posso assegurar é que você precisa acreditar em algo. Sim, você precisa. Não importa o que seja, se há pessoas que vão considerar ridículo, que vão julgá-lo. A vida é tão curta para bobagens como essa. É claro que há dias onde é mais fácil defender aquilo em que acreditamos, e dias em que queremos nos esconder do mundo. O importante é reconhecermos como uma trégua, e nunca como uma batalha perdida.
Lembre-se: somos aquilo que acreditamos.



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| Fonte: Unsplash |
Com diversas opções — presenciais, online, gratuitas, pagas, por gênero —, ainda vale a pena fazer parte de um clube do livro?
Eu estou na internet, compartilhando histórias, desde 2012. Minha jornada como leitora começou antes mesmo de eu conseguir me lembrar. Os livros sempre estiveram presentes na minha vida. Em casa, o hábito da leitura não é algo que nós compartilhamos. Eu lia, descobria histórias incríveis, e não tinha com que conversar. As pessoas mais próximas pouco se interessavam pelo que eu tinha a dizer. Era decepcionante ter tanto a dizer e ninguém que realmente pudesse prestar atenção e dividir esse momento comigo.
Quando comecei o blog, descobri páginas que dedicavam-se a falar exclusivamente sobre livros e isso trouxe um novo universo para a minha vida. Foi mais ou menos na época em que decidi compartilhar resenhas das minhas leituras por aqui.
Cada vez mais imersa no mundo literário, deparei-me com os encontros literários oferecidos pelas editoras — uma forma de divulgar seus lançamentos. Participei de diversos encontros de leitura da editora Arqueiro, que na época era a responsável pelo maior número de livros da minha estante.
Os encontros eram presenciais, em livrarias. Quase sempre aconteciam nas Livrarias Saraiva (saudade) e Cultura. Quantas vezes estive na Livraria Cultura do conjunto nacional! Um lugar incrível e aconchegante. É uma pena que não exista mais.
Nesses encontros pude conhecer pessoas que, como eu, eram amantes dos livros. Além disso, conheci alguns nomes responsáveis por páginas que acompanho até hoje. Era a época de ouro da blogosfera e os criadores de conteúdo ainda trabalhavam bastante para serem reconhecidos no meio literário.
Com a pandemia, as coisas mudaram: os encontros presenciais tornaram-se online, conquistando um público que não tinha a oportunidade de ir aos eventos. Foi o início de um mundo de possibilidades. Esse cenário só ganhou força desde então. Hoje, facilmente, podemos encontrar de tudo online, desde grupos de leitura, podcasts, vlogs, as lives para divulgar os próximos lançamentos de editoras.
Junto a isso, houve a ascensão do Catarse — uma plataforma de financiamento coletivo no Brasil — que tornou-se uma das principais formas de apoio financeiro a criadores de conteúdo.
- Crowdfunding na pandemia
- Principais insights da 2ª Pesquisa Nacional sobre Quadrinhos no Catarse
- O crowdfunding como oportunidade para criadores de conteúdo
Na contramão desse movimento, ainda é possível encontrar clubes de leitura com encontros presenciais. Grupos menores do que já vimos antes da pandemia, mas que mantêm a essência dos encontros que agitavam o mundo literário. Em uma busca rápida no TikTok, podemos encontrar perfis que resgatam esse movimento. Isso prova que, mesmo com grandes obstáculos, a leitura sempre encontra uma forma de sobreviver nesse mundo.
Então, a pergunta é: por que os clubes de leitura ainda existem? A resposta é simples: porque ainda existem leitores. Ter dificuldade em encontrar com quem conversar, não é exclusividade minha; é o panorama geral da leitura no País.
No Brasil, o índice de leitura por pessoa é baixíssimo e, nos últimos anos, diminuiu ainda mais. Segundo o levantamento realizado na 6ª edição do Retratos da Leitura no Brasil, é a primeira vez, desde 2001, que a pesquisa conclui que a maioria dos brasileiros não leem livros.
Enquanto nos anos que antecederam 2024, a pesquisa aponta que a diferença entre leitores — pessoa que leu, inteiro ou em partes, pelo menos um livro de qualquer gênero, impresso ou digital, nos últimos 3 meses —, e não leitores — aquele que declarou não ter lido nenhum livro, ou parte de um livro, nos últimos 3 meses, mesmo que tenha lido nos últimos 12 meses — já não era tão distante.

A pesquisa também indicou que a média de livros lidos por pessoa no Brasil, nos últimos 12 meses, caiu para menos de 4, incluindo os livros que não foram concluídos. O índice de livros lidos por inteiro é de 2,07. Dois livros lidos no período de um ano!

Voltando ao título da postagem: se você estiver se perguntando se ainda vale a pena fazer parte de um clube do livro, a resposta é sim!
Os clubes, desde o seu início, têm como objetivo principal incentivar a leitura dentro de um grupo. Com os índices cada vez mais baixos, qualquer movimento que possa inspirar e convidar novas pessoas a adquirir o hábito de leitura é muito bem-vindo. Mas o mais importante é manter as pessoas lendo.
Nós, enquanto leitores, precisamos ajudar a mudar essa realidade. Nos livros aprendemos mais do que somos capazes de definir. Gestos pequenos, como participar de clubes, feiras literárias, doar de livros, contam!
Os livros já nos mostraram onde podemos chegar. Apesar de todas as catástrofes que ocorreram no mundo, a literatura resiste bravamente. Então, chegou a nossa vez de lutar por ela!
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Os últimos dias praticamente não existem na minha memória. Sinto que passei por eles sem me dar conta, sem perceber o tempo desperdiçado. Quando paro e também preciso me esforçar para lembrar de como foram as semanas anteriores ou mesmo o mês anterior, tenho um sentimento de profunda ausência. Ausência de mim. De vida.
Desde o ano passado, tento acalmar a minha mente e as minhas emoções. Tento sair do turbilhão que transformou a minha vida em uma completa loucura. Acontece que, nesse processo, eu perdi muito de mim mesma. Eu sinto que deixei uma parte significativa da minha personalidade para trás. Enquanto escrevo, percebo que não consigo pensar em algo que me deixa feliz, além da leitura. É claro que os livros são uma imensa parte da minha vida, mas ela não costumava ser apenas isso.
Me pergunto: para onde foram todos os meus sonhos e hobbies? Eu costumava me animar para escrever, para ver filmes, séries… Mesmo sair sozinha — tendo pavor e ansiedade só de pensar em ter que conversar com outras pessoas —, me animava. Hoje, passo as minhas horas livres em casa, presa em pensamento que não me levam a lugar algum e sem conseguir dar o primeiro passo para começar.
Eu sinto que melhorei muito no último ano. Eu sinto que, entre altos e baixos, a depressão e ansiedade começaram a me dar espaço para ser mais do que isso. Ao mesmo tempo, eu sinto que, a qualquer momento, vou voltar para o poço do qual eu venho lutando para sair há alguns anos.
Eu preciso me obrigar a fazer alguma coisa. Não está adiantando deixar o tempo livre para fazer algo que desejo. As diversas possibilidades me paralisam. Então, percebi que preciso de obrigações, preciso de listas, porque, assim, terei que segui-las sem desculpas.
Nunca fui de usar agenda ou planner, mas já gastei muito dinheiro com eles Eu perco o interesse após as primeiras semanas. Quero pensar em um meio-termo, algo em que eu possa listar as minhas tarefas, mas que não seja rígido, que seja algo que me permita alterar quando sentir necessidade. Vou passar os próximos dias buscando alternativas, mas a minha única exigência é que seja algo fora das telas. Gosto do papel, gosto de sentar e investir tempo escrevendo, enquanto tomo uma xícara de chá (já que o café não é mais permitido).
Eu quero voltar a usar a minha câmera. Eu quero usar os cadernos que comprei para estudar. Eu quero começar o casaco de tricô que pensei em fazer, até porque eu já tenho o material em casa, basta sentar e começar. Eu quero dedicar um tempo para tomar um café da tarde com calma, no final de semana, aproveitando cada momento.
São muitas possibilidades e quero colocar todas no papel. Eu tenho muito trabalho pela frente, mas sinto que estou no caminho certo. Se tudo correr bem, vou me encontrar novamente. E, quem sabe, descubra algo novo sobre mim.

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