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Vale a pena fazer parte de um clube do livro?

Fonte: Unsplash

Com diversas opções — presenciais, online, gratuitas, pagas, por gênero —, ainda vale a pena fazer parte de um clube do livro?

Eu estou na internet, compartilhando histórias, desde 2012. Minha jornada como leitora começou antes mesmo de eu conseguir me lembrar. Os livros sempre estiveram presentes na minha vida. Em casa, o hábito da leitura não é algo que nós compartilhamos. Eu lia, descobria histórias incríveis, e não tinha com que conversar. As pessoas mais próximas pouco se interessavam pelo que eu tinha a dizer. Era decepcionante ter tanto a dizer e ninguém que realmente pudesse prestar atenção e dividir esse momento comigo.

Quando comecei o blog, descobri páginas que dedicavam-se a falar exclusivamente sobre livros e isso trouxe um novo universo para a minha vida. Foi mais ou menos na época em que decidi compartilhar resenhas das minhas leituras por aqui.

Cada vez mais imersa no mundo literário, deparei-me com os encontros literários oferecidos pelas editoras — uma forma de divulgar seus lançamentos. Participei de diversos encontros de leitura da editora Arqueiro, que na época era a responsável pelo maior número de livros da minha estante.

Os encontros eram presenciais, em livrarias. Quase sempre aconteciam nas Livrarias Saraiva (saudade) e Cultura. Quantas vezes estive na Livraria Cultura do conjunto nacional! Um lugar incrível e aconchegante. É uma pena que não exista mais.

Nesses encontros pude conhecer pessoas que, como eu, eram amantes dos livros. Além disso, conheci alguns nomes responsáveis por páginas que acompanho até hoje. Era a época de ouro da blogosfera e os criadores de conteúdo ainda trabalhavam bastante para serem reconhecidos no meio literário.

Com a pandemia, as coisas mudaram: os encontros presenciais tornaram-se online, conquistando um público que não tinha a oportunidade de ir aos eventos. Foi o início de um mundo de possibilidades. Esse cenário só ganhou força desde então. Hoje, facilmente, podemos encontrar de tudo online, desde grupos de leitura, podcasts, vlogs, as lives para divulgar os próximos lançamentos de editoras.

Junto a isso, houve a ascensão do Catarse — uma plataforma de financiamento coletivo no Brasil — que tornou-se uma das principais formas de apoio financeiro a criadores de conteúdo.



Na contramão desse movimento, ainda é possível encontrar clubes de leitura com encontros presenciais. Grupos menores do que já vimos antes da pandemia, mas que mantêm a essência dos encontros que agitavam o mundo literário. Em uma busca rápida no TikTok, podemos encontrar perfis que resgatam esse movimento. Isso prova que, mesmo com grandes obstáculos, a leitura sempre encontra uma forma de sobreviver nesse mundo.

Então, a pergunta é: por que os clubes de leitura ainda existem? A resposta é simples: porque ainda existem leitores. Ter dificuldade em encontrar com quem conversar, não é exclusividade minha; é o panorama geral da leitura no País.

No Brasil, o índice de leitura por pessoa é baixíssimo e, nos últimos anos, diminuiu ainda mais. Segundo o levantamento realizado na 6ª edição do Retratos da Leitura no Brasil, é a primeira vez, desde 2001, que a pesquisa conclui que a maioria dos brasileiros não leem livros.



Enquanto nos anos que antecederam 2024, a pesquisa aponta que a diferença entre leitores — pessoa que leu, inteiro ou em partes, pelo menos um livro de qualquer gênero, impresso ou digital, nos últimos 3 meses —, e não leitores — aquele que declarou não ter lido nenhum livro, ou parte de um livro,  nos últimos 3 meses, mesmo que tenha lido nos últimos 12 meses — já não era tão distante.



A pesquisa também indicou que a média de livros lidos por pessoa no Brasil, nos últimos 12 meses, caiu para menos de 4, incluindo os livros que não foram concluídos. O índice de livros lidos por inteiro é de 2,07. Dois livros lidos no período de um ano!



Voltando ao título da postagem: se você estiver se perguntando se ainda vale a pena fazer parte de um clube do livro, a resposta é sim!

Os clubes, desde o seu início, têm como objetivo principal incentivar a leitura dentro de um grupo. Com os índices cada vez mais baixos, qualquer movimento que possa inspirar e convidar novas pessoas a adquirir o hábito de leitura é muito bem-vindo. Mas o mais importante é manter as pessoas lendo.

Nós, enquanto leitores, precisamos ajudar a mudar essa realidade. Nos livros aprendemos mais do que somos capazes de definir. Gestos pequenos, como participar de clubes, feiras literárias, doar de livros, contam!

Os livros já nos mostraram onde podemos chegar. Apesar de todas as catástrofes que ocorreram no mundo, a literatura resiste bravamente. Então, chegou a nossa vez de lutar por ela!

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Ausência de mim


Os últimos dias praticamente não existem na minha memória. Sinto que passei por eles sem me dar conta, sem perceber o tempo desperdiçado. Quando paro e também preciso me esforçar para lembrar de como foram as semanas anteriores ou mesmo o mês anterior, tenho um sentimento de profunda ausência. Ausência de mim. De vida.

Desde o ano passado, tento acalmar a minha mente e as minhas emoções. Tento sair do turbilhão que transformou a minha vida em uma completa loucura. Acontece que, nesse processo, eu perdi muito de mim mesma. Eu sinto que deixei uma parte significativa da minha personalidade para trás. Enquanto escrevo, percebo que não consigo pensar em algo que me deixa feliz, além da leitura. É claro que os livros são uma imensa parte da minha vida, mas ela não costumava ser apenas isso.

Me pergunto: para onde foram todos os meus sonhos e hobbies? Eu costumava me animar para escrever, para ver filmes, séries… Mesmo sair sozinha — tendo pavor e ansiedade só de pensar em ter que conversar com outras pessoas —, me animava. Hoje, passo as minhas horas livres em casa, presa em pensamento que não me levam a lugar algum e sem conseguir dar o primeiro passo para começar.

Eu sinto que melhorei muito no último ano. Eu sinto que, entre altos e baixos, a depressão e ansiedade começaram a me dar espaço para ser mais do que isso. Ao mesmo tempo, eu sinto que, a qualquer momento, vou voltar para o poço do qual eu venho lutando para sair há alguns anos.

Eu preciso me obrigar a fazer alguma coisa. Não está adiantando deixar o tempo livre para fazer algo que desejo. As diversas possibilidades me paralisam. Então, percebi que preciso de obrigações, preciso de listas, porque, assim, terei que segui-las sem desculpas.

Nunca fui de usar agenda ou planner, mas já gastei muito dinheiro com eles Eu perco o interesse após as primeiras semanas. Quero pensar em um meio-termo, algo em que eu possa listar as minhas tarefas, mas que não seja rígido, que seja algo que me permita alterar quando sentir necessidade. Vou passar os próximos dias buscando alternativas, mas a minha única exigência é que seja algo fora das telas. Gosto do papel, gosto de sentar e investir tempo escrevendo, enquanto tomo uma xícara de chá (já que o café não é mais permitido).

Eu quero voltar a usar a minha câmera. Eu quero usar os cadernos que comprei para estudar. Eu quero começar o casaco de tricô que pensei em fazer, até porque eu já tenho o material em casa, basta sentar e começar. Eu quero dedicar um tempo para tomar um café da tarde com calma, no final de semana, aproveitando cada momento.

São muitas possibilidades e quero colocar todas no papel. Eu tenho muito trabalho pela frente, mas sinto que estou no caminho certo. Se tudo correr bem, vou me encontrar novamente. E, quem sabe, descubra algo novo sobre mim.


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[Resenha] Noiva, de Ali Hazelwood


Autor: Ali Hazelwood | Editora: Arqueiro | Páginas: 368 | Gênero: Romance Paranormal | Ano: 2024 | Classificação: +18 | Onde comprar: Amazon


O que você faria ao descobrir que o nome do seu futuro marido é a única pista do desaparecimento de sua melhor (e única) amiga?

Misery é uma vampira que cresceu entre mundos, sem pertencer de fato a nenhum deles. Quando criança foi escolhida para ser a Colateral de seu povo — uma espécie de oferenda/refém para os humanos em um acordo de paz. Dos oito aos dezoito anos de idade, Misery foi aprisionada neste acordo, o qual rendeu diversas tentativas de assassinato.

Sua única alegria era Serena, uma criança humana e órfã, escolhida para fazer companhia para Misery durante esse período. Serena era extrovertida, pronta para conhecer o mundo e aberta a aceitar as diferenças entre elas. Ao longo dos anos, a amizade se transformou em amor entre irmãs — o que era difícil de compreender para Misery, afinal criar laços não faz parte da natureza vampírica.

Ainda assim, esse laço se manteve forte e as duas continuaram juntas, mesmo depois que Misery completou dezoito anos e se viu livre de suas obrigações como Colateral.

Mas tudo muda quando, certo dia, Serena não aparece no compromisso marcado. Preocupada, Misery vai até o apartamento da amiga e encontra o lugar revirado, sem sinal algum da Serena. Tudo o que restou foi o “maldito gato”, que agora seria sua responsabilidade.

Semanas depois, Misery é convocada pelo pai para retornar ao Ninho, o território dos vampiros. Sua relação com ele era praticamente inexistente, o que só causou desconfiança sobre real motivo para a convocação.

Sem escolha, Misery retorna ao Ninho. E, após uma curta reunião com o pai, ela descobre que foi novamente entregue a um acordo político: ela deve se casar com o Alfa dos licanos. Um tratado que prometia um fim às mortes de vampiros. Sendo mais fortes, rápidos e em maior número, os licanos causaram grandes perdas à sua espécie.

Misery estava disposta a recusar a proposta, até ouvir o nome dele. De alguma forma, esse mesmo nome estava escrito em um papel deixado no apartamento de Serena. Era sua única pista em semanas. Parece que Misery iria se casar.



Em seu livro de estreia no gênero romance paranormal, Ali Hazelwood mostrou o por que seus livros estão, constantemente, na lista dos mais vendidos. Se você já teve a oportunidade de se aventurar pelos romances da autora, deve ter percebido a facilidade com que ela cria cenários vívidos e personagens marcantes. E, neste livro, não foi diferente.

Misery é uma protagonista forte e resiliente. Ela cresceu longe da cultura do seu povo e não conhecia alguns de seus costumes. Ao mesmo tempo, ter passado tanto tempo em território humano não fez com que ela fosse aceita por eles. Ela estava sempre em algum lugar, mas sem pertencer a lugar algum.

Fora o seu passado conturbado, Misery é uma gênia da tecnologia. Formada na área, não há nada que ela não seja capaz de fazer. Ela tem um humor ácido e não deixa que passem por cima dela. É muito fácil gostar da personagem.

Lowe, o Alfa dos licanos, é nada menos do que um sonho. Forte o suficiente para tomar o posto de Alfa do seu bando e se mostrou um apoio para Misery. Há muito mistério na relação entre eles, tornando a história envolvente e eletrizante.

Lowe é um homem inteligente e com princípios inegociáveis. Virou o meu queridinho! Eu sou apaixonada pelo Adam (de A Hipótese do Amor), mas, confesso, senti que o Lowe balançou o meu coração e conquistou seu espaço.

Outros personagens secundários também trazem alegria e certa profundidade para a história. Gostei muito da Ana, irmã caçula do Lowe, e de seus assistentes também. Apesar de ser um número bom de personagens, não foi difícil me apegar a eles.

Um ponto que me chamou a atenção foi a forma como a autora criou um cenário político bem desenvolvido, para deixar em segundo plano. As brigas entre as espécies, a busca por territórios e a sede por poder, aparecem em diversos momentos, construindo um mundo à parte.


Gostaria de ter visto mais do mundo dos vampiros e dos licanos. Mas, se levarmos em consideração que a história ocorre em um tempo relativamente curto (cerca de dois meses), faz sentido que a ambientação não tenha sido extensa.

A escrita de Ali Hazelwood é o que torna a história incrível. Seus livros são carregados de bons personagens, mulheres fortes e decididas e nada de homens tóxicos. É fácil desejar um romance de Ali para vida real. Ela consegue aproximar o leitor do mundo que ela criou em poucas páginas. Fica claro que ela tem total domínio do que está escrevendo e que ela quer que o leitor fique preso na história.

Esse é um livro leve, envolvente, com escrita fluida. Quando você menos espera, já está perto do fim. É uma leitura para todos os amantes de um bom romance, com pitadas de aventura, tiradas inteligentes e um casal arrebatador. Eu me surpreendi positivamente e espero, de coração, que você dê uma oportunidade a ele. Essa foi mais uma história favoritada.

Leitura mais do que indicada! Bora favoritar!

Nota: ⭐⭐⭐⭐⭐💜

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