Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2020

[Resenha] Nunca saia sozinho, de Charlie Donlea


Charlie Donlea, autor dos sucessos “A Garota do Lago” e “Não Confie Em Ninguém” está de volta com um thriller assustador e cheio de reviravoltas, dando continuidade ao livro ”Uma Mulher na Escuridão”, publicado no ano passado também pela Faro Editorial.

Estamos no verão de 2019, na Escola Preparatória Westmont, um internato conceituado na pequena cidade de Peppermill, Indiana. Uma escola de elite que não tinha uma única mancha em seu histórico. Os alunos eram tratados com rigor e preparados para enfrentar a vida. Mas algo estava prestes a acontecer. Um jogo sombrio acabou com dois alunos assassinados e um professor acusado. A cena do crime parecia um verdadeiro massacre. O corpo de Andrew Gross foi encontrado em meio a uma poça do seu próprio sangue dentro da antiga casa de hóspedes, que era utilizada pelos professores da escola. Enquanto o segundo corpo, de Tanner Landing, foi encontrado empalado no portão que dá acesso a casa de hóspedes. Uma imagem que jamais seria esquecida.

A casa estava abandonada há muito tempo. A escola tinha construído novas casas para abrigar os professores e o antigo casarão ficou esquecido. Com o tempo, os alunos, secretamente, passaram a ir até o local. Logo passou a ser o ponto de encontro para o jogo que poucos conheciam. “O Homem no Espelho” era apenas para os escolhidos e deveria ser mantido em segredo. Os alunos eram escolhidos com base em diversos desafios. Na noite de 21 de julho de 2019, aconteceria o último desafio. Seis alunos do terceiro ano iriam até a casa de hóspedes para uma noite decisiva.


Um ano depois, o caso da Escola Preparatória Westmont voltava à tona. Para polícia, o assassino já tinha sido encontrado, mas havia pontas soltas demais para confiar no resultado das investigações. Algo estava errado. A história atraiu alguns jornalistas, como Ryder Hillier e Mark Carter. Ryder estava no caso desde a noite dos assassinatos. Ela vinha investigando por conta própria e postando as informações no seu blog e canal no Youtube. E foi graças as suas matérias que outros jornalistas passaram a se interessar novamente pelo caso. Um deles é Mark Carter, que agora estava no comando do podcast “A casa dos suicídios”. Nele, Mark trazia um relato da tragédia que ocorreu na Escola Preparatória Westmont durante o verão de 2019, o resultado das investigações e as mortes que aconteceram em seguida. Depois dos assassinatos, os alunos que sobreviveram ao massacre voltaram à casa de hóspedes para se matar.

Com o mistério na mídia novamente, Lane Phillips, um dos melhores psicólogo forense e analista de perfis criminais, é contratado para participar do podcast de Mark Carter. Para Lane seria um caso excelente, mas ele sabia que mais alguém se interessaria pelos assassinatos: Rory Moore. Eles estavam juntos há anos e Rory tinha um enorme talento para reconstituir casos arquivados. Mais do que algo que ela sabia fazer, era quem ela é. Rory precisava dos casos para controlar a mente. Diagnosticada com espectro autista, comportamento antissocial, fobia social e agorafobia, era na reconstituição dos casos que ela colocava sua mente em ordem.

Uma vez em Peppermill, Lane e Rory vão atrás de mais rastros do assassino. Mas eles não estão sozinhos, poderão contar com a ajuda do detetive Ott e Ryder Hillier, que estão mais do que interessados em chegar ao fim dessa história. Eles logo irão descobrir que há mais segredos envolvidos nessa história do que poderiam imaginar.


Eu preciso que vocês saibam que eu me surpreendi demais com essa história. “Nunca saia sozinho” é um livro envolvente. Os capítulos vão se alternando entre os personagens e entre o que aconteceu no verão de 2019 e os resultados desse crime em 2020. Os capítulos são curtos e sempre terminam com algo que chame a nossa atenção para o capitulo seguinte. Não muito distante disso, os personagens também nos conquistam de cara. Lane e Rory já são velhos conhecidos para quem leu “Uma mulher na escuridão” (inclusive, você precisa ler este livro antes, se não quiser tomar nenhum spoiler no caminho). Os dois formam uma dupla perfeita. Além disso, o autor usa muito bem o fato de Rory ter espectro autista, de forma bem simples e direta ele nos faz enxergar mais do que um diagnóstico.

O mistério sobre o assassino, apesar de algumas vezes ter ficado em segundo plano, foi o que me instigou a não parar a leitura. Não que a leitura não estivesse boa, pelo contrário, mas os suspeitos que foram aparecendo e as teorias que fui criando para tentar encontrar o assassino me deixaram bastante curiosa para terminar logo.

Fiquei um pouco triste por não ter visto tanto da Rory e do Lane nessa história. Os dois são importantes para a conclusão do caso, mas há tantos pontos sendo abordados nessa história, que eles muitas vezes acabaram ficando um pouco de lado.

Já o final foi, no mínimo, chocante. Eu estava absolutamente certa de que sabia quem era o assassino e acabei tomando um balde de água fria nos últimos capítulos. Em nenhum momento desconfiei do verdadeiro culpado. Foi uma reviravolta muito bem criada para surpreender o leitor. E posso dizer que deu muito certo.


O que posso dizer para concluir?
Nunca saia sozinho” é mais uma prova do talento que Charlie Donlea em escrever boas histórias. Seus livros trazem personagens com histórias incríveis e bem construídas, além de uma boa dose de suspense. É impossível não acabar apaixonado por cada livro e desejar que o próximo chegue logo.

Por fim, deixo com você a escolha de ler e ser surpreendido com um bom livro ou sofrer com a curiosidade para saber o desfecho desse mistério.

[Resenha] Édenbrooke, de Julianne Donaldson


Marianne Daventry é uma moça inteligente, bonita, mas infeliz. Sua mãe havia morrido em um trágico acidente que acabou separando toda família. Sem saber como lidar com o luto, seu pai havia decido por separar as filhas. Marianne foi enviada para ficar a sua avó na entediante Bath, enquanto Cecily foi viver em Londres. Cecily Daventry era sua irmã gêmea, mas em nada lembrava Marianne. Era linda, refinada e gostava dos luxos e prazeres que Londres oferecia. Enquanto isso, Marianne era feliz no campo, onde se sentia completamente livre para ser quem realmente era. Viver em Bath com a avó era um tormento. O lugar não trazia felicidade e sua avó estava disposta a lhe ensinar a ser uma verdadeira dama.

Pensando no que lhe aguardava se continuasse na casa de sua avó, Marianne aceitou o convite de sua irmã para passar uns dias na propriedade da família Wyndham. Um lugar que ira lhe proporcionar os prazeres do campo inglês. Logo tudo foi aprontado e Marianne partiu junto de sua criada. Marianne sabia que o filho mais velho de Lady Caroline era o motivo de sua irmã Cecily aceitar o convite. Ela também sabia que a irmã estaria disposta a tudo para conquistar o herdeiro e, se era o que faria sua irmã feliz, Marianne iria ajuda-la.

O caminho prometia ser tranquilo, mas um acidente quase colocou um fim em sua viagem. Desesperadas por ajuda, Marianne e sua criada conseguem socorro com o dono de uma estalagem na estrada. Não sem antes serem ignoradas por um rapaz que se recusou a ajuda-las. Se Marianne não estivesse tão cansada e assustada teria se importado mais com a falta de educação de Philip (como ele imprudentemente havia pedido para que ela o chamasse), mas o seu cocheiro e a criada precisavam de sua atenção e ela certamente não o veria mais.



No dia seguinte, Marianne e sua criada partem enfim para Edenbrooke, e nada poderia ter surpreendido mais do que a beleza daquele lugar. A propriedade era enorme e logo Marianne se sentiu em casa novamente, como se já estivesse ido a aquele lugar alguma vez. Sua mãe era uma grande amiga de Lady Caroline, era um dos motivos de ter sido convidada a visitar a propriedade da família, ainda assim era a primeira vez que estivera ali. Infelizmente sua irmã atrasaria sua chegada e ela seria obrigada a ficar sozinha com Lady Caroline e um de seus filhos, mas havia tanto para observar que logo encontraria algo para fazer.

Logo em sua chegada, Marianne também é surpreendida pela presença do rapaz que havia negado ajuda na estalagem. Como se não fosse pouco o que havia vivido naquela noite assustadora, Philip estava disposto a provocar Marianne até o fim de sua estadia em Edenbrooke. Para sua infelicidade, o jovem era um dos filhos de Lady Caroline, Marianne não teria como ignorar sua presença. Diferente do que aconteceu na estalagem, o jovem parecia bastante atencioso e parecia querer reparar o que havia acontecido naquela noite. Ele era um homem lindo, dono de um humor inadequado e muito atraente. Mas Marianne não iria ceder a um jovem impulsivo e que acreditava que seria capaz de conseguir tudo o que queria. Se ele queria provoca-la, Marianne entraria no jogo dele.



Edenbrooke” é um livro leve, divertido e cheio de romance. Os dois protagonistas são cativantes e logo estamos na torcida pelo casal. Marianne é uma jovem impulsiva e insegura. Ela sabe o que quer, mas não acredita em suas qualidades. Ela sabe agir com bondade e conquistar os que estão a sua volta pela sua personalidade, mesmo que ela não acredite ser capaz. Ser abandonada pelo pai, quando havia acabado de perder a mãe, foi doloroso para ela. Ainda mais por ter sido enviada para longe de casa. Por mais que ela tenha aprendido a amar a avó, viver em Bath como uma dama que deveria controlar todos os seus impulsos, não a faria feliz.

Já o jovem Philip teve que assumir muitas responsabilidades depois de perder o irmão mais velho. Ele é um jovem cheio de energia, bem humorado e decidido. Sua opção de não se casar estava deixando a mãe enlouquecida. Ela sonhava com um bom casamento para o filho. Não com qualquer moça, é claro. Lady Caroline queria uma jovem capaz de acompanhar o filho, que tivesse as mesmas qualidades e que fosse carinhosa e bondosa. Algo que ela não enxergava na irmã de Marianne.

Philip sentia uma forte atração por Marianne. Sua curiosidade cresceu quando soube o que ela tinha feito para fugir do acidente que sofreu no caminho a Edenbrooke. Ela não era como as damas da sociedade de Londres que o perseguiam. Ela tinha atitude e não se deixava abater pela opinião dos outros. Ela falava o que queria, mesmo que fosse inadequado para uma jovem. Ele se divertia em provoca-la e ele estava se aproximando dela mais do que seria adequado.

Essa foi uma leitura apaixonante. É o tipo de livro que nos conquista a cada página e vai instigando a curiosidade do leitor. O ponto alto do livro é o casal. Marianne e Philip são carismáticos e é impossível não imaginá-los juntos. Eu amei esse livro do início ao fim e tenho certeza que, se você gostar de um bom romance de época, também irá se apaixonar pela história.