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[Resenha] Nada fica no passado, de Jennifer Hillier


Sinopse: Esta é a história de três amigos: uma que foi assassinada, uma que foi para a prisão e aquele que está procurando a verdade por 14 anos…

Por quanto tempo você consegue guardar um terrível segredo?

A garota mais popular da escola, Angela Wong, tinha apenas dezesseis anos quando desapareceu sem deixar vestígios. Até então, ninguém suspeitou que sua melhor amiga, Georgina, agora vice-presidente de uma grande empresa farmacêutica, estivesse envolvida em seu desaparecimento, exceto, Kaiser Brody, que se tornou detetive do Departamento de Polícia de Seattle e era colega das duas no ensino médio.

Catorze anos depois, os restos mortais de Angela são finalmente encontrados e a verdade vem à tona: Angela foi vítima de Calvin James, primeiro amor obsessivo de Georgina. Calvin, o serial killer, havia assassinado pelo menos outras três mulheres.

Durante todos esses anos, Geo sabia o que tinha acontecido com sua melhor amiga, mas guardou o segredo. Após Geo ir para a prisão, todos acharam que o caso foi solucionado. Mas o que aconteceu naquela noite é mais complexo e arrepiante do que qualquer um realmente sabe.

Então, o passado alcança o presente de forma mortal, quando novos corpos começam a aparecer, mortos exatamente da mesma maneira que Angela Wong.

Qual o limite de alguém disposto a enterrar seus segredos? Como uma grave mentira pode transformar uma vida? E quais são as consequências disso?





Nada fica no passado” começa com a descoberta dos restos mortais de Angela Wong, uma adolescente que estava desaparecida há 14 anos. Acusada de ter participado no assassinato está Georgina Geo –, a melhor amiga de Angela e namorada de Calvin, o serial killer acusado de matar Angela e outras mulheres. Durante os 14 anos, Georgina esperou pelo dia em que a polícia bateria em sua porta depois de descobrir o que ela havia feito. A conta chega para todos, agora era a sua vez de contar a verdade e pagar pelo seu maior erro.

Ironia do destino ou não, o detetive responsável pela investigação e pela prisão de Geo, também foi o seu melhor amigo na escola: Kaiser Brody. Angela, Geo e Kaiser estavam sempre juntos e compartilhavam tudo, até que uma escolha errada e o medo de Geo em contar o que aconteceu na noite em Angela foi assassinada mudou tudo.

A história passeia pelo desfecho do julgamento de Calvin e Georgina, seguindo pelo período em que ela ficará presa. Durante os capítulos em que sua experiência na prisão é narrada, Geo se vê entendendo  a dinâmica da vida entre mulheres acusadas de todos os tipos de crime. Logo ela aprende que é preciso demonstrar força e nunca abaixar a cabeça, ou ela nunca sairá viva daquele lugar. Nesse período, a história traz o ponto de vista de Geo, na prisão e suas reflexões sobre as escolhas que fez na vida, e Kaiser em busca de respostas.

Próximo do fim da sentença de Geo, novos assassinatos são descobertos. Duas mulheres foram assassinadas de modo semelhante ao modus operandi utilizado por Calvin. Todas em uma espécie de recado. Kaiser só consegue imaginar que alguém está tentando chamar a atenção de Geo e, se isso for verdade, ela correria perigo.



Em uma narrativa com pouco mais de 280 páginas, somos levados por uma história cheia de segredos, inveja e violência. Desde já fica o aviso que essa história possui gatilhos para estupro e relacionamento abusivo.

Georgina é uma jovem, no mínimo, problemática. Não consigo descrevê-la de outra forma. Desde a morte de sua amiga até os dias atuais, Geo não fez uma escolha certa. E ela está ciente disso. Em vários momentos eu fiquei com uma raiva imensa por ela não enxergar o que estava na frente dela. Ela preferia esconder e conviver com suas escolhas erradas do que optar pela mudança. Uma parte das escolhas que ela fez retrata uma parcela significativa das mulheres que sofrem com relacionamentos tóxicos e violentos, e, ler sobre isso, me incomodou bastante.

Kaiser é um rapaz que não tem destaque. Acho que ele poderia ter sido melhor aproveitado na história, mas tudo rodou em torno da Georgina e de Calvin. Tive a impressão dele ter ficado sempre à sombra dos dois. Ao passo que pouco vemos sobre Calvin, a não ser nos momentos em que a história retorna para o tempo antes do assassinato de Angela, até a noite em que tudo aconteceu. Ainda assim, foi suficiente para pegar um ranço imenso do personagem. Mas não entenda isso como algo ruim. Entendo que a ideia da autora foi justamente essa. Calvin é um homem ciumento, machista e violento. Seria impossível não sentir raiva dele.



No geral, eu gostei bastante da história! Fui surpreendida diversas vezes e a reviravolta no final foi um choque. Não que eu não desconfiasse do que estava por trás dos assassinatos, mas além de jogar essa bomba no colo do leitor, a autora nos surpreende com um confronto inesperado. Eu teria dado 5 estrelas para esse livro, fácil, se não fosse por um detalhe que me incomodou: a rapidez com que a história acabou. Acho que ficaram algumas pontas soltas que mereciam atenção para que a história tivesse um ciclo completo.

Mas acho que esse é um mal que está ganhando espaço ultimamente, porque quase todos os livros do gênero que eu li, recentemente, acabaram com a mesma rapidez. O autor tem tanto trabalho e dedicação para prender a nossa atenção durante a narrativa, e quando chega na hora de encerrar a história, em cinco páginas termina tudo.

Bom, é isso! Com exceção ao final, a história é incrível! Os capítulos vão acontecendo de modo que você mal percebe as páginas passando e quando se dá conta, já está nos capítulos finais. Acho que tem muito da nossa realidade nessa história. Com assuntos difíceis e delicados para serem abordados, mas a autora sobre apresentá-los sem romantizar nenhum detalhe. O que tornou a história dura em vários momentos. Mas enfim. Leitura mais que recomendada!

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