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Escolhas


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Ninguém seria capaz de entender. Na maioria das vezes, eu mesma não me entendo. Em meio a tantas pessoas estranhas e sonhos esquecidos eu vou tentando me encontrar, me encaixar de alguma maneira. Não é fácil. Nada nessa vida é. Às vezes me pego pensando se eu deveria continuar insistindo tanto em algo que tem todas as chances de dar errado, mas também percebo que me faz tão bem. E já dizia um escritor famoso que agora não me lembro do nome: “se te faz sorrir, é porque te faz bem. Se te faz bem, não deixe escapar”. Bom, eu resolvi acreditar nisso. Talvez seja só mais uma besteira qualquer de uma menina indecisa, talvez não. Talvez tenha sido a melhor escolha que eu poderia ter feito, mas quem vai saber? Escolhas erradas existem aos montes, mas isso só prova que você está aqui. Vivo.

A maioria das pessoas tem um medo enorme de dar o primeiro passo, de arriscar. Mas qual a graça de viver assim? Aprendi da maneira mais difícil, que a vida não espera por ninguém. Não adianta viver esperando que tudo aconteça. Sempre ouvi minha mãe dizer que eu deveria correr atrás do que eu quero. Apesar de sempre ter dito para ela que eu tinha tempo para começar a pensar nisso, descobri que não é tão simples assim. O tempo passa e muito rápido. Talvez o medo de me arrepender de fazer escolhas erradas tenha sido o meu maior erro, mas é hora de colocar tudo nos eixos. Sei que tudo o que preciso é acreditar no que eu quero, ainda que a parte mais difícil venha depois disso. Mas o resto, bom o resto a gente dá um jeito.

Inquietações


A sala era grande, um tanto vazia. O piso de madeira antiga com armários de mármore e uma mesa redonda no centro. Havia frutas por lá. Lembro-me das uvas verdades e maçãs charmosas. Não me esqueço do vinho também. Não ousei tocar em nada. Ainda estava de pijama e com os cabelos eletrocutados. Até pensei em comer, já que não tinha jantado na noite anterior. Eu tremia perto da lareira. O fogo não era suficiente para apagar as memórias de uma semana embaraçosa.

Voltei e subi para o quarto. Desde que cheguei aqui, não tinha organizado absolutamente nada. Na verdade, nem a minha mente conseguiu fazer isso. Era meio que... confuso, eu acho. Sentia saudades do silêncio. Duvidava se me ajustaria às normas da casa, ou se teria coragem para encarar aquela senhora que tricotava na varanda, lembrando-se do passado e de seus netos. O homem barbudo ficava as escondidas em um quarto misterioso.

No decorrer do tempo, percebi que a solidão acabava me chamando. Tentei tirar algumas fotografias da sacola, mas, nada restou desde que houve desapego. A ignorância tinha sequestrado a minha paciência. Era bobagem, ignorem isso. Sentei na cama e arrumei o cabelo. Respirei um ar de cansaço e cruzei os braços. A neve cobria a janela e não existia mais paisagem que dessem vida aos olhos.

Por um instante, me afastei. Mantive o pé escondido da adrenalina. Peguei um travesseiro e abracei. Imaginei os destroços escorrendo pelos olhos. Um filme passou na minha mente em alguns segundos. E de certa maneira, eu continuava lá. Me enrolava e preferia manter a fome quieta, só por mais um dia.

Matheus Carneiro.
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Daqui alguns anos

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De vez em quando a gente imagina como serão as coisas daqui alguns anos. Fazemos planos, traçamos metas, escolhemos sonhos e quem fará parte desse futuro almejado. Imaginamos que teremos exatamente o que desejamos hoje. Lugares, pessoas, amores, tudo devidamente planejado como um roteiro perfeito com o mais lindo final feliz. Estranho seria se nada disso acontecesse.

E se de repente aquele curso perfeito com o qual você sonhou a vida inteira não fosse tão perfeito? E se ao invés de aquela festa incrível com os amigos, você tivesse feito uma viagem, não menos empolgante, mas não tivesse com quem compartilhar? E se aquele tão esperado príncipe encantado não fosse tão encantado assim? Você já pensou o que faria se todos os seus objetivos e sonhos fossem bagunçados e trocados no meio do caminho?

Às vezes eu penso se realmente vale a pena se importar tanto com um futuro tão incerto. Afinal, tudo o que fazemos é escolher um caminho. Escolhemos sem nem ao menos imaginar o que encontraremos no final. Me parece assustador. Sou do tipo que nunca confia inteiramente em algo. Sei que há muitas pessoas assim, talvez você também seja. Mas confesso que sinto um pouco de inveja de quem é capaz de escolher um caminho e segui-lo sem medo e confiante de encontrará somente coisas boas. Loucura? Talvez. Mas tenho certeza que esses escolheram a forma mais leve de viver.

Dezoito primaveras


Ainda estava escuro quando acordei. Senti uma brisa de leve, era calmo. Aquela serenidade eu não sentia há tempos. Fiquei quieta e mantive a posição na cama de lençóis brancos gelados. O cobertor gigante, chegava a cair da cama. Meus pés pequenos, estavam cobertos com meias cinzas, enquanto a janela estava um pouco aberta, permitindo o vento gelado amadurecer o quarto.

Fiquei por instantes com a mente presa nos detalhes. Durante as seguidas dezoito primaveras, eu não deixei de esquecer as inquietações. O inverno acabara e de certa maneira, eu ainda me sentia nele. Aquela tua insegurança causava o meu caos. O sol estava nascendo e eu não fazia ideia de como encará-lo. Me aconchegava na cama. Ajustava o travesseiro gelado e tentava não forçar a respiração.

Fechei os olhos e voei. Nada de turbulência em meio ao surgir das folhas. Aquela fazenda sabia como retirar de mim pedaços que nunca imaginei em obter. Ficava tentando consertar o presente sem sequer imaginar o que poderia ganhar dele. Em casa, as coisas não estavam fáceis apesar do silêncio se mostrar mais fortes aos sábados. A única coisa que desejava era o fim da tarde, as flores, e as fotos. Gostava de uns goles de café com livros preguiçosos também.

Me virei contra a parede. Meus olhos estavam pregando de sono por conta da ausência dos sonhos. Às vezes, tudo isso chegava a me fazer acreditar que meu corpo preferia a realidade. E sem querer, doía. Sentei, e ajeitei o edredom. Peguei um moleskine velhinho de capa vermelha e comecei imaginar o desenho. Estava escuro, acabei perdendo o caminho.

Primaveras sempre me faziam bocejar. Era uma preguiça que até o Abel gostava. Aquele gato só me tirava do sério em momentos de fome, como sempre. Surpresa! A luz começava a surgir e eu despertava. Tentava não parar os movimentos. Me espreguiçava e respirava fundo. O quarto continuava gelado, assim como os teus braços também.

Matheus Carneiro.
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O que vocês acharam do texto do Matheus? Eu particularmente amei! Em breve teremos mais. : )

Só mais um clichê qualquer

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A verdade é que não damos importância para tudo que temos ao nosso lado. Escutamos diversas vezes que só sentimos o valor de algo quando perdemos, mas acho que a teimosia é maior. Talvez o orgulho ou a confiança de que tudo sempre estará do mesmo jeitinho não nos deixe reconhecer que tem pessoas e coisas a nossa volta que não poderão estar aqui para sempre.

Nascemos com a única certeza de que tudo acaba. Pode ser hoje ou amanhã, não importa quando ou como. Às vezes acho que isso deveria ser o suficiente para que cada dia nós pudéssemos sair de casa carregados de felicidade por termos mais um dia em meio a todos que amamos, quando há pessoas que não tiveram a mesma sorte. Pode parecer meio clichê, mas no meio a tanta correria do dia-a-dia não pensamos nisso. Deixamos que coisas ruins e tão banais controlem o nosso rumo.

Não deveria ser tão difícil assim não é? Mas não dá para deixar tudo programado. Não é como quando você tem algo para fazer no dia seguinte e deixa tudo anotadinho para dar tempo de cumprir tudo. Talvez apareça algo no meio do caminho que te faça virar a direita e não mais para a esquerda. As coisas mudam, as pessoas mudam. Não que isso seja ruim. Pelo contrário, pena de quem passa por essa vida sem ter experimentado o gosto de mudar tantas vezes. Sem experimentar o gosto do inesperado.

Para escrever by Michelly Melo on Grooveshark
Desculpem a ausência, mas as coisas estão bem corridas por aqui. :( Beijos