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[Resenha] Pistas Submersas, de Maria Adolfsson


No dia seguinte ao festival das Ostras, Karen Hornby acorda em um quarto desconhecido. Ela sabia que tinha bebido demais, mas não poderia acreditar que tinha sido inconsequente ao ponto de ir parar em um quarto de hotel com o seu chefe, Jounas Smeed. Ela não sobreviveria a isso, com certeza Smeed a atormentaria pelo resto de sua vida. A única coisa que poderia fazer naquele momento era ir embora antes que ele acordasse e torcer para que ninguém a reconhecesse até que conseguisse chegar ao seu carro.

Enquanto dirige para casa, Karen pensa nas diversas formas de não ter que encarar o seu chefe novamente. Ela poderia pedir uma transferência, com certeza ela não faria falta no Departamento de Investigações Criminais. Desde que sua vida foi destroçada, Karen havia optado por voltar para sua cidade natal para fugir das lembranças que a aterrorizavam. Doggerland a chamou de volta e lá estava ela. Mas não tinha sido fácil trabalhar na DIC em meio a tantos homens e pensamentos retrógrados. Seus colegas e superiores achavam que ela nunca seria qualificada o suficiente para qualquer outro cargo ou para assumir uma investigação importante. Além de ser uma mulher em meio a homens antigos, Karen não tinha a experiência de campo como todos os outros policiais. Isso assombraria a sua carreira eternamente.

Por isso, a sua surpresa quando atendeu o seu celular, horas depois de ter voltado para casa e tentado curar a resseca que estava sentindo ao sair do hotel. O chefe de polícia Viggo Haugen estava entregando o comando de uma das investigações da DIC a ela. E não era qualquer investigação. Susanne Smeed foi brutalmente assassinada. O corpo tinha sido encontrado naquela manhã por um vizinho. Susanne era a ex-esposa de Jounas Smeed, o chefe de Karen. Smeed não poderia interferir neste caso e Karen tinha sido escolhida para ocupar o seu lugar. Se a situação poderia piorar, Karen não tinha dúvidas. Ela teria que investigar o próprio chefe, afinal, ele era um dos suspeitos. A única certeza que Karen tinha, era que Smeed não deixaria isso barato. Assim que ele pudesse assumir o comando novamente, Karen estaria perdida.


Sem nenhuma pista para indicar um caminho a seguir, a equipe estava andando em círculos. O tempo estava passando e a imprensa estava ansiosa por respostas. Susanne não era o tipo de pessoa amigável e fácil de lidar. Todos na pequena Doggerland tinham algo de ruim para falar sobre ela. Mas nada que fosse o suficiente para indicar um possível motivo para o crime. Quem teria matado Susanne daquela forma? Além disso, Karen precisaria correr atrás de um álibi para o seu chefe ou ela seria obrigada a contar que estava com ele até o começo daquele dia.

Tudo o que Karen conseguiu reunir só comprovava que o caminho que a polícia estava seguindo só poderia estar errado. Poderia ser apenas um pressentimento, algo sem importância, mas ela sentia que algo no passado de Susanne seria a resposta para desvendar o crime. Algo que teria acontecido décadas antes poderia colocar um luz ao mistério que envolvia o assassinato. Mas como ela poderia provar que estava no caminho certo quanto toda a equipe imaginava que eles haviam encontrado um novo suspeito?






Karen é uma personagem bastante complexa. Sua vida, apesar de ter sido feliz e completa por um momento, havia sido arrancada dela e ela carrega um fardo maior do que podia suportava. A culpa a consumia diariamente, mas em algum momento ela teve que seguir da melhor forma que conseguia e se permitia. O segredo do seu passado vai sendo explicado aos poucos ao leitor. É algo que justifica muito das atitudes que ela toma durante a história, mas que o leitor pode ir juntando as peças, conforme tudo vai se desenrolando.

O que também fica bem claro durante a leitura é o pensamento um tanto quanto preconceituoso dos seus colegas de trabalho. Muitos homens preenchem as vagas da polícia em Doggerland, e as poucas mulheres que conseguem um cargo são diariamente questionadas e hostilizadas. É necessário mais do que paciência para aguentar as constantes piadas e Karen vinha suportando muita coisa. Os seus colegas de trabalho não sabiam sobre o seu passado, do contrário, seria mais um motivo para Karen se preocupar.

Karen é a nossa personagem principal, todos os que vão compondo a história ganham destaque, mas não conquistam tanto espaço na história. Pelo menos, não até os últimos capítulos. O livro dá início a uma série, portanto trata de apresentar todos os personagens, que eu imagino, estarão nas próximas histórias.

O assassinato acaba ficando em segundo plano durante boa parte da história. Acho que houve uma demora um tanto desnecessária para apresentar as pistas e chegar a uma conclusão. Não sei se por eu ter começado a ler em meio a uma ressaca literária, mas isso acabou atrapalhando um pouco a minha leitura. Eu acredito que se tirarmos alguns pontos que deixaram a leitura mais lenta, poderia ter fluído de uma forma melhor. Mas também pode ter sido apenas um problema comigo e não dá história. Neste ponto, acho que você terá que se aventurar por Doggerland para saber se eu estou certa ou não.

Fiquei com um pezinho atrás com o Smeed, um cara bastante arrogante, diga-se de passagem. Sua família é incrivelmente poderosa e dona de muitas terras na cidade. Desde seu avô ganancioso até o sei pai, que não aceitou o destino do filho e fez o que pode para impedir que o filho envergonhasse o nome da família. Uma família sem escrúpulos. Mas em um determinado momento eu fui obrigada a sentir um pouco de empatia por ele. Foi um personagem que me deu um pouco de trabalho para entender qual seria o papel dele na história.

Os demais personagens, apesar de não parecerem tão importantes para o desenrolar da narrativa, mostram que serão importantes para o que estiver por vir depois deste livro. Afinal, o final da história deixa bem claro que haverá uma continuação, que podemos esperar mais deles.

É isso! Acho que no geral, sem dar spoiler, é isso o que posso dizer a vocês. E um livro completo e que vai conquistando o leitor sem nenhuma pressa, a cada capítulo. Ao final da história, é impossível não imaginar qual será o próximo mistério e os segredos que virão além dele. Uma ótima dica de leitura!



[Resenha] Invisível, de Tarryn Fisher


Margo já se acostumou com a vida na Casa que Devora. Os barulhos e o chamado constante da casa estão presentes na sua vida a tempo suficiente para saber que não há como fugir. Margo vive com a mãe, que já não fala com ela há anos, nunca soube quem era o seu pai e não tem amigos. Aos poucos, ela viu a mãe se entregando ao vício em remédios e a vida noturna. Seus clientes chegam todas as noites e cabe a Margo se manter escondida, longe da vista de qualquer um que estiver na casa. Margo assumiu o controle de tudo. Era ela quem fazia as compras quando a mãe pedia, pagava as contas e ia para escola. Ela deveria se preocupar com o que comeria ou sua mãe não faria isso por ela. Margo era mais adulta do que qualquer garota na sua idade, mesmo morando em Bone, um lugar onde todos viviam a margem da sociedade. E Margo sabe que terá a mesma vida que todos os seus vizinhos se não sair de lá. Se deixar a Casa que Devora impedi-la de ir embora.

De alguma forma, ela tinha sido forte o suficiente para sobreviver aos anos e terminar o colégio. Agora, Margo trabalhava em um brechó que pagava pouco, mas lhe dava a esperança de algum dia conseguir sair de Bone para sempre. As pessoas não olhavam para ela, era como se ninguém notasse sua existência. Até o dia em que sente coragem o suficiente para falar com Judah, o garoto que vive algumas casas depois da sua. Judah perdeu o movimento das pernas na infância, mas Margo ainda lembra-se dele. Ele é o oposto do que Margo é naquele momento: um garoto confiante. Mas a amizade entre os dois acontece de uma maneira rápida e fácil. Judah consegue enxergar em Margo mais do que ela mesma consegue ver em si mesma.



Mas as coisas mudam. Uma garotinha, de sete anos, desaparece. Margo tinha encontrado com Nevaeh no ônibus, quando a menina estava indo para a casa da avó. Naquele mesmo dia ela havia desaparecido. Margo é tomada por um desespero e angústia. Não é possível acreditar que alguém seria capaz de machucar aquela menina. A mãe era irresponsável e ela tinha um padrasto que não fazia questão de se interessar pela menina. Mas ela tinha a avó. Como alguém poderia desaparecer sem deixar rastros?

Margo vai tomando consciência de uma parte de si que não sabia que existia. A garota insegura, para a qual ninguém olhava, estava diferente. Ela tinha emagrecido e demonstrava mais atitude do que jamais imaginou que tivesse. Mas ainda havia algo mais, um pedaço dela que estava agitado, que queria ser libertado. E então acontece. Meses depois do desaparecimento de Nevaeh, que Margo descobre do que é capaz.



O que eu posso dizer a vocês? Esse livro foi uma leitura surpreendente, cheia de reviravoltas e personagens marcantes. Margo é uma menina que foi lançada no mundo sem nenhum preparado, mas que soube se virar diante da ausência da mãe e o seu trabalho como prostituta. Ela aparece no começo da história como uma menina sem muita confiança, sem expectativas ou sonhos. Com o desenrolar da narrativa, ela vai ganhando força e segurança em ser quem ela é, independente do que isso signifique para os outros.

Judah teve muito a ver com essa mudança. Pela primeira vez, Margo sente atração por alguém e ele é capaz de mostrar a ela um mundo um pouco mais vivo do que ela está acostumada. Longe da Casa que Devora e perto de Judah ela consegue sonhar, criar planos e esperar uma vida melhor.

Mas tantos anos em Bone a moldaram para ser alguém diferente. Quando o seu lado mais obscuro surge, ele logo a domina as suas ações. É como se ela estivesse em um transe onde nada mais importasse a não ser a justiça, a sua justiça. Em Bone, as pessoas estão acostumadas a não serem vistas. Viver a margem da sociedade faz com que muitos erros passem impunes. Que pessoas más não sejam pegas. Margo acredita que elas merecem pagar pelo o que fazem, mesmo que a justiça tenha que vir através dela.

Todos os personagens nessa história são importantes para que o leitor possa entender o que está acontecendo nos capítulos seguintes. Judah tem papel fundamental na vida de Margo. Dois personagens que irão aparecer na história também são importantes, mas para outro livro da autora. Através deste livros, descobrimos o que causou a reviravolta em outra história. E neste ponto, eu preciso dizer que achei uma sacada inteligentíssima da autora. Ela uniu dois livros fortes de uma maneira muito sútil! Mas não se preocupe, não ter lido o outro livro não atrapalha em nada a sua leitura (o que não significa que você não pode colocar o outro na sua lista também).

Não há nada mais que eu posso dizer sem entregar algum spoiler. Mas acredite em mim, você vai amar esse livro! É uma leitura forte, sem deixar sensível e criticar pontos importantes da nossa sociedade. É um livro que merece ser lido!


[Resenha] Pulso Forte, de Lauren Blakely


Max conquistou o seu espaço e se tornou um dos melhores construtores de carros de Nova York. Era reconhecido por muitos clientes importantes, o que lhe garantia negócios ainda maiores. O seu próximo cliente estava prestes a fechar um contrato. Seria uma oportunidade sem igual e Max não deixaria que nada atrapalhasse o seu negócio. Nem mesmo sua ex-funcionária talentosa, inteligente e extremamente atraente. Henley trabalhou há cinco anos em sua oficina e foi a melhor aprendiz que ele já teve. O talento de Henley era notável e ele tinha certeza que ela chegaria ao topo, mas ela ainda não estava pronta. O talento não era tudo o que Henley precisava para trabalhar em um meio que era ocupado por homens. Ela tinha um temperamento difícil e era dever de Max ajuda-la a controla-lo. Mas como ele faria isso se em todo o momento em que ela estava ao seu lado ele só conseguia pensar no quanto se sentia atraído por ela? Não saber lidar com essa atração foi o seu maior erro e custou o emprego da sua melhor funcionária.



Cinco anos depois, Henley reaparece em sua vida, de uma forma totalmente provocante. Depois de todo esse tempo, ela tinha conquistado o seu espaço e o respeito de todos. Acima de tudo, ela continuava irresistível. Só que agora ela era sua concorrente. Henley voltou para a cidade para trabalhar como mecânica chefe na oficina do seu maior rival e ela não escondia a raiva que ainda sentia por Max. E se Henley começasse a levar os seus clientes? Isso mudava as coisas completamente. Max sabia que não poderia se envolver com a concorrência. Ele precisava proteger os seus negócios antes de qualquer coisa.

Max foi convidado para construir um carro para um programa de TV. Era um projeto que colocaria sua oficina em maior evidência e com certeza traria novos clientes. Mas por ironia do destino, Max teria que dividir a oficina com a sua nova concorrente. Seu cliente achou que seria uma boa ideia convidar Henley para participar do projeto. De alguma forma ele viu no desespero de Max para ficar longe e na raiva de Henley a química perfeita para atrair os telespectadores. Enquanto tudo o que Max mais queria era manter distância, agora ele teria que arranjar uma forma de manter a foco no trabalho e esquecer a atração que sentia por Henley.



Max é o tipo de cara que não consegue interpretar a mais simples das atitudes. Ele é o tipo de cara que toma as decisões erradas pensando no que ele acha que a pessoa quer, sem nem se preocupar em perguntar antes. No começo da leitura, eu acabei ficando com raiva dele e torcendo para que tudo desse errado só pelas besteiras que ele dizia. Ele surge na história como o cara mais importante da cidade, no que diz respeito a construção de carros, mas é uma adolescente quando diz respeito a personalidade. Ou seja, o tipo de cara clichê que podemos encontrar em muitos filmes.

Já Henley é o tipo de mulher que sempre chama a atenção dos homens em um espaço completamente masculino. Henley é apaixonada por carros e foi o que a levou para a faculdade de engenharia e depois a fez procurar um emprego na oficina de Max. Ela precisou se esforçar dobrado para mostrar que tinha talento. Além disso, ela sabe que é bonita e usa isso a seu favor, principalmente quando esta flertando com Max.

Pulso Forte traz o ponto de vista do personagem masculino e temos uma versão mais divertida e até mesmo cabeça dura de um romance explosivo e sensual, como já é a marca registrada da Lauren Blakely. É uma história que traz um cenário completamente incomum sem ser completamente machista. A protagonista reforça o tempo todo que as mulheres precisam demonstrar duas vezes mais o seu talento quando estão em um ambiente ocupado por homens, mas ainda assim a autora soube levar a história de forma a não focar inteiramente nisso, mostrando que é algo cada vez mais comum e natural de se ver.

Max e Henley mostram ao leitor logo de cara que existe algo mais ali. Há química entre eles e é fácil perceber isso. O que é muito bom para acompanhar o desenrolar da história. O começo foi um pouco difícil para mim, talvez por achar que o ritmo estava um tanto lento, mas conforme os capítulos vão passando a história alcança um bom ritmo e prende a atenção do leitor até a última página.

Apesar de esse ser o quinto livro da série, ele pode ser lido separadamente sem prejudicar a sua leitura. Já a edição está, mais uma vez, impecável! Adoro o trabalho da Faro Editorial, porque eles sempre pensam em tudo para fazer o leitor feliz, e deixam as edições incríveis.


[Resenha] Sem Saída, de Taylor Adams


O recesso do Natal não seria agradável este ano. Darby acabou de descobrir que a mãe está com câncer no pâncreas e estava entrando em uma cirurgia, em um hospital de Utah. É para lá que está indo agora. Na última mensagem que enviou a sua irmã, perguntando sobre o estado de saúde da mãe, ela recebeu apenas uma resposta vaga, afirmando que naquele momento ela estava OK. Darby sabia que isso poderia significar muitas coisas. É por isso que ela estava dirigindo em meio a uma nevasca, o mais depressa que conseguia. Ela precisava chegar a tempo ao hospital.

Quando deixou o dormitório da faculdade, sem sequer se lembrar do carregado do seu celular, Darby acreditava que conseguiria chegar. Agora, em meio a tanta neve, com um limpador de para-brisas quebrado, Darby sabia que Blue, o seu velho carro, não aguentaria. Coincidência ou não, uma parada de descanso estava a poucos metros a sua frente. Outros carros estavam no estacionamento, enquanto seus passageiros esperavam dentro do prédio. Não havia previsão para o limpa-neve passar por lá. Além de uma baita tempestade, um acidente bloqueava o caminho e a previsão era apenas para a manhã do dia seguinte. Seriam horas de espera e não havia sinal para celular ou wi-fi no local.

Ao entrar no prédio, Darby conheceu rapidamente os outros passageiros. O primeiro, um homem com mais de cinquenta anos, com uma barba e barba grisalha. Ele viaja acompanhado de uma mulher, que não aparentava gostar nenhum pouco da sua companhia. O terceiro, um cara tagarelava o tempo inteiro, sem descanso. Tudo parecia uma brincadeira para ele. Para Darby, algo ali não se encaixava. Algo parecia falso. Forçado.

Ainda assim, seguindo as instruções dele, Darby caminhou pela parte externa da área de descanso em busca de sinal de celular. Sem conseguir um único pontinho capaz de receber ou enviar um SMS, Darby decide voltar. Fazendo um caminho diferente, ela volta pelo estacionamento. Ao passar entre o seu carro e um furgão, algo chama sua atenção. Pela janela escura do furgão, Darby vê uma mão pequena, que subitamente some da sua visão. Era uma criança, ela tinha certeza. Quem seria capaz de deixar uma criança presa dentro de um carro em meio aquela tempestade? Mas Darby sabia que tinha visto algo mais, aquela mãozinha estava segurando uma grade.

O desespero toma conta de Darby. O furgão com certeza pertencia a uma das pessoas dentro daquele prédio. Isso significava que um deles havia sequestrado aquela criança. Ou talvez estivesse fazendo algo muito pior. Mas o que ela poderia fazer agora? Ela estava presa naquela parada de descanso com todos os outros, junto com o criminoso, e tudo indicava que ela ficaria ali por horas a fio. Seu carro não seria capaz de sair dali em meio a tanta neve. Quem estivesse fazendo aquilo logo perceberia que a criança havia fugido, e o que ela faria com aquela criança? Ela precisava pensar e acima de tudo, precisava manter a calma. Se a pessoa errada soubesse o que ela tinha descoberto, ela morreria antes de conseguir ajudar.



Nas primeiras páginas, o livro apresenta um cenário completamente sem opções para Darby. Ela nunca foi apegada a crianças e sequer sabia como lidar com elas, mas algo lhe dizia que ela não poderia simplesmente deixar a criança por conta própria. O seu lado racional dizia que ela deveria esperar o desbloqueio das estradas para ir a algum lugar em que pudesse avisar a polícia sobre o sequestro. Ela só precisaria dar as informações do veículo e deixar que a polícia cuidasse do assunto. Mas a imagem daquelas mãos agarrando a grade estava presente em sua cabeça. Ela faria algo. Não iria esperar para que a polícia resolvesse tudo. Se o criminoso conseguisse fugir com a criança, ela nunca se perdoaria por não ter tentado ajudar.

Darby também sabe que sozinha será impossível. Ela é magra e pequena, não teria chance contra nenhuma das pessoas dentro daquele prédio. Ela precisava contar a alguém. Mas ela também sabia que precisaria escolher com cuidado. Se contasse o que descobriu para a pessoa errada, tudo estaria perdido.




A partir desse ponto, a história vai se preenchendo com pequenos detalhes e uma reviravolta atrás da outra. Confesso que nos primeiros capítulos eu já estava desconfiando de todos, inclusive da criança dentro do furgão. Conforme a história vai avançando é possível perceber que tem algo muito errado em tudo o que está acontecendo e que ninguém ali dentro é confiável.

O autor construiu uma história dentro de um espaço limitado e com poucos personagens sem perder o ritmo e decepcionar quem está lendo. O livro inteiro acontece nesse curto período de tempo em que essas pessoas estão presas dentro da área de descanso. Todos os personagens inseridos na história são importantes e bem construídos. As informações que vão aparecendo durante a leitura são usadas a todo o momento, o que faz com que você tenha que prestar atenção em todos os detalhes, porque são eles que irão te ajudar a chegar ao final dessa história.

Acabei a leitura em menos de dois dias e já faz algumas semanas. Mas ainda estou em choque com o rumo que a história tomou. Foi um livro que me conquistou logo de cara e que eu não consegui deixar de lado por muito tempo até terminar. Para leitores que gostam de um bom thriller, esse livro é uma dica preciosa!

12 livros da Editora Hope para conhecer


Oii, como vocês estão?

Eu não sei vocês, mas eu nunca tive muita sorte com sorteios. Depois de tantos anos acompanhando blogs, o meu saldo de sorteios ganhos é bem pequeno. Ainda assim, sempre participo para apoiar o trabalho de outros blogueiros. Quando me marcaram no sorteio da Editora Hope, eu me inscrevi mais por diversão do que com alguma expectativa de ganhar. Então, imagine só a minha felicidade quando saiu o resultado! Para comemorar o aniversário da editora, um dos prêmios era um ano de livros (12 no total, sendo um para cada mês) para o vencedor. E no finalzinho desta semana chegou a caixa com os livros. ♥

Aproveitando a deixa, resolvi usar um dos presentes que ganhei este ano para fotografar os livros do sorteio e adorei o resultado. É um suporte para livros com tema do Harry Potter e já é um dos melhores presentes que eu ganhei. Ainda não descobri um lugarzinho para colocá-lo, mas ele irá aparecer bastante nas próximas fotos do blog!




Muitos dos livros que vieram na caixa eu ainda não conhecia, mas fiquei bastante feliz por ver nomes de autores nacionais. Não faz muito tempo que eu havia percebido que a minha estante tem poucos livros escritos por brasileiros e tenho procurado alguns livros para adicionar a minha lista de desejados no skoob. Estou muito curiosa para ler esses livros e acho que vou me surpreender bastante com eles.




Os livros que vieram na caixa são: Escritos Diversos, Quando a Noite Cai, Era Outra Vez, A Ilha dos Elementos e O Rio de Hydra (Trilogia dos cinco elementos), Você é Minha (série Dilacerados), Profissão Amante, Mostre-me seu Amor, De repente Casados, Protagonismo Feminino, Inquietudes e Homo Cactus.

Não vou colocar neste post a sinopse de todos por motivos de o post vai ficar bem maior do que já está. Mas depois de ler a sinopse de todos (você pode encontrá-los no site da Editora Hope) me surpreendi com a variedade de livros publicados pela editora.







É isso! Adorei conhecer esses livros e espero conseguir falar sobre cada um aqui no blog em breve! E por aí, como anda a lista de livros desejados de vocês?

[Resenha] Os últimos jovens da Terra, de Max Brallier


Jack Sullivan era um garoto normal de treze anos, vivendo na desinteressante cidade de Wakefield. Depois de passar por vários lares adotivos, ele tinha ido parar na casa da família Robinson, que não fazia a menor questão de fazer com que Jack se sentisse parte da família. E a prova disso é que, quando toda a confusão começou, eles se mandaram da cidade sem sequer se lembrarem do filho adotivo.

Agora, quarenta e dois dias depois, Jack Sullivan era um herói, ou o mais próximo que poderia chegar disso. A verdade é que a cidade virou de cabeça para baixo depois do Apocalipse dos Monstros. Ele estava dentro do ônibus escolar com Quint, seu melhor amigo, assim que as aulas acabaram. De repente o ônibus foi atacado por monstros e zumbis, algo que nunca pareceria real. Às pressas, os dois conseguiram fugir da escola e foi quando decidiram se separar. Jack prometeu manter contato através do walkie que eles mantinham para se comunicar. Mas o aparelho acabou caindo e se despedaçando.

Isso foi há quarenta e dois dias. Desde então ele estava dedicando parte do seu tempo para consertar o aparelho e enfim ele conseguiu. E o melhor, Quint estava bem. Seria arriscado tentar chegar até a casa do Quint, principalmente depois do último monstro que encontrou. Desde o Apocalipse dos Monstros, criaturas horrorosas apareceram na cidade, mas nenhuma com a inteligência e maldade do Blarg. Jack cometeu o erro de acertar o Fatiador (um taco de beisebol surrado). Agora Blarg estava caçando, mais precisamente, caçando o Jack.



Mas o monstro terá que esperar. Jack consegue levar todas as coisas do Quint para a casa da árvore que virou o seu lar depois do Apocalipse dos Monstros. Com a ajuda do Quint, Jack consegue proteger a casa e já planeja como irá completar o seu feito máximo de Sucesso Apocalíptico: resgatar uma donzela em perigo. E essa seria ninguém menos que June Del Toro, a editora do jornal da escola, onde Jack também trabalhava, e que no meio da confusão do primeiro dia do Apocalipse, entrou correndo para dentro da escola. Ele precisava resgatá-la.

E aqui começa a aventura. Com a busca pela donzela, Jack e Quint irão enfrentar alguns problemas e logo um novo membro inesperado irá se unir ao grupo. Mas há um perigo maior do que os zumbis e as criaturas estranhas que dominaram a cidade. Blarg ainda está a solta e Jack tem certeza que o seu tempo está acabando. Todo herói precisa de um grande vilão, o seu está a espreita, apenas esperando pela sua chance de vingança.




Preciso dizer que eu amei esse livro! Não sei nem por onde começar, mas a edição está perfeita! A capa está maravilhosa, a diagramação melhor ainda e as ilustrações do Douglas Holgate são incríveis! Eu me senti completamente imersa na história e acabou sendo uma leitura surpreendente e gostosa. Apesar de a história ser mais curtinha, há uma boa narrativa que vai conduzindo o leitor e apresentando os detalhes do mundo pós-Apocalipse dos Monstros. É repetitivo, eu sei, mas eu adorei demais esse livro.

Os personagens são contagiantes. São crianças que sequer atingiram os quinze anos e estão lidando com uma cidade inteira em meio ao caos. Não há fácil acesso a comida, a luz e internet. Cada um precisa lidar com os recursos que encontra pelo caminho. E neste ponto, Quint é genial! É inacreditável ver o que uma criança inteligente é capaz de fazer em meio ao apocalipse. Já as ilustrações dão um toque a mais para a história. Mesmo que a narrativa do autor seja ótima, as ilustrações permitem dar vida as situações que os personagens estão enfrentando.

Jack é um personagem maravilhoso, não que os outros não sejam, mas ele carrega a história de ser uma criança que passou por mais lares adotivos do que é capaz de lembrar e não teve a oportunidade de criar vínculos com ninguém. Pela primeira vez nos seus treze anos, ele tem um amigo e um lar, mesmo nas condições em que estão vivendo e que o seu lar seja apenas uma casa na árvore.

Enfim, gente. Ótima leitura, divertida, cheia de aventuras, criaturas assustadoras e muitos, muitos zumbis! Uma leitura leve para ler em uma sentada só. Anota na lista de vocês, porque esse está mais que recomendado!


[Resenha] A Devolvida, de Donatella Pietrantonio


Como você reagiria ao descobrir que a mulher que sempre chamou de mãe havia mentido para você durante toda a sua vida?

Neste livro, você não irá descobrir o nome da protagonista, mas irá acompanhar a mudança repentina e brusca em sua vida. Aos atingir os trezes anos, ela foi obrigada a voltar para um lar que não conhecia, com pessoas que nunca soube da existência e que aparentemente não a queriam de volta. Seus pais (ou aqueles que ela sempre acreditou que fossem) tinham revelado a maior mentira da sua vida. Sua família biológica a entregou para uma prima rica quando tinha apenas seis meses de vida. Adalgisa tinha cuidado dela com amor, carinho e dedicação. Seu pai também tinha sido uma figura presente, mesmo que mais silenciosa. Ela os amava e não entendia o que estava acontecendo. Não era possível que eles tivessem coragem de abandoná-la naquela casa com pessoas estranhas. Ela queria voltar para casa, para os seus amigos, para as suas aulas de dança e natação. Ela queria sua vida de volta e não aquilo. Não queria ficar com seus pais biológicos que não demonstravam nenhuma emoção por ter a filha de volta.

Mas o seu pai não voltou. Ele deixou a filha e os seus poucos pertences na casa e foi embora. A garota não sabia o que poderia ter feito de tão errado para que pudessem tê-la abandonado. Ela sabia que os pais a amavam, ela precisava acreditar nisso. Ela também estava preocupada com a mãe. Adalgisa estava doente, tinha passado os últimos dias na cama e, depois da sua mudança, não teve mais notícias da mãe.

Agora ela precisava aprender a viver com a sua nova família. A realidade deles é muito diferente da que estava acostumada. Suas mãos não estavam prontas para o trabalho pesado que teria de enfrentar. Agora ela tinha irmãos. Todos abarrotados em um quarto pequeno e ainda teria que dividir a cama com a irmã mais nova. Mas Adriana era uma jovem única. Apesar da pouca idade, sabe muito bem o que precisa ser feito. Sabe como lidar com as tarefas em casa e com o pequeno Giuseppe. Apesar do seu desespero inicial e da vontade de estar em casa de novo, a garota logo que aproxima da irmã.

A jovem veio de um mundo onde tudo era fácil e possível. Ela teve oportunidades que seus irmãos jamais terão na vida. Ela tinha um quarto que não precisava dividir com mais ninguém, frequentava uma boa escola, praticava balé e natação. Tinha sempre roupas novas e que lhe serviam. Já os seus verdadeiros pais não tinham condições de proporcionar muito conforto. A casa é pequena, há pouca comida e eles precisam trabalhar para conseguir mais. O pai trabalha numa olaria que além de pagar pouco, atrasa o salário de todos os funcionários. Os irmãos usam roupas velhas e que passam de um para o outro.

Vindo de um mundo diferente, ela agora precisa conquistar o seu espaço na sua nova família e acima de tudo, precisa aprender a aceita-los e reconhecer que faz parte desse mundo diferente, mesmo que não tenha crescido nele.



O livro retrata apenas a adaptação da jovem a sua nova família. Ele é narrado em primeira pessoa, então podemos acompanhar todos os sentimentos da garota que de um dia para o outro se vê em um ambiente completamente diferente. Durante a história, a protagonista faz alguns rápidos comentários sobre coisas que aconteceram anos mais tarde.

É uma história dura, mas simples e real. A jovem se vê dividida entre aqueles que a criaram e aqueles que agora eram a sua família. Mesmo sendo tão nova, era difícil para ela aceitar e reconhecer a sua mãe biológica. É possível perceber o carinho que os pais têm por todos os filhos, mas são pessoas simples e que sempre lidaram com a pobreza. Não tiveram muita instrução e não sabem como lidar com a situação. Quando decidiram deixar a filha ainda tão nova com uma prima que não poderia ter filhos, foi pensando em como fariam para sustentar a todos. O dinheiro era curto, faltava para comida e para as necessidades básicas. Além disso, a mãe estava grávida novamente.

Treze anos depois, não é só a jovem que precisa se adaptar a situação. Os seus pais e irmãos também precisam lidar com isso. Seus irmãos não estão acostumados com a sua presença e muitas vezes não a enxergam como um membro da família. Com exceção da Adriana. A pequena é inteligente e aos poucos vai ajudando a irmã a encontrar um lugar naquela família.



Foi uma leitura incrível. Eu fui me dividindo entre a raiva e a compreensão com a protagonista. Com a narrativa, é fácil entender o que ela deveria estar sentindo. Mas em alguns momentos ela age como uma menina mimada e um tanto birrenta, sem ao menos tentar entender aqueles que agora são a sua família. Por vezes, ela sente vergonha deles pela simplicidade, por não saberem como se comportar ou como falar corretamente. Alguns capítulos foram difíceis nesse ponto, mas é compreensível já que a personagem é tão nova e foi criada por pais que a mimaram e deram tudo o que ela queria.

Também é possível ver que a garota vai se adaptando a família. Mesmo sem compreendê-los ou aceita-los, ela encontra o seu espaço entre eles. Ela carrega a esperança de que seus pais adotivos voltem para busca-la, mas aos poucos ela vai criando vínculos com o seu novo lar.

As últimas páginas são de longe de ser o fim dessa história. Como eu disse, o livro retrata apenas a adaptação da garota a nova família. Mas ainda assim, o final acaba se encaixando muito bem e não decepciona. A autora soube conduzir muito bem a história e ao chegar ao final é possível perceber o amadurecimento da protagonista. A vida continua e mesmo com todas reviravoltas que ela dá, a gente sempre encontra um jeito de seguir em frente.

Foi um livro que me surpreendeu bastante e uma das melhores leituras desse ano. A escrita da autora é fluída, o que fez com que as páginas fossem passando sem que eu percebesse. É uma história triste, mas que carrega uma força imensa. Mas acima de tudo, é um livro que merece ser lido.