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[Resenha] Até onde o amor alcança, de Júlio Hermann


Até onde o amor alcança” é um livro que fala sobre o final (nada feliz) de um relacionamento. De forma leve e direta, o autor compartilha um pouco da dor e a culpa de ver o fim de uma relação com tantas promessas não cumpridas, de corações magoados e assuntos mal resolvidos. Júlio Hermann fala sobre as palavras que não foram ditas, da culpa que insistimos em tomar posse sem deixar que o outro carregue a sua parcela também.

Durante as mais de cento e setenta páginas o autor nos presenteia com contos cheios de poesias e sinceridade. Sem o final feliz dos contos de fadas, neste livro o amor é trazido para realidade para lidar com os problemas do dia-a-dia e lutar contra o tempo. Para lidar acima de tudo com a dúvida. A dúvida sobre os nossos próprios sentimentos e tentar lidar com a incerteza que é carregar um pedaço de outra pessoa sem saber se é o certo a se fazer.



O que acabou com a gente foi o medo que eu tinha de me entregar de mais e deixar os meus sonhos pelo caminho não foi?
Você demorou alguns dias para perceber que não me odiava. Eu demorei um pouco mais para me perdoar por todo o dano que causei nas vezes em que disse que havia açúcar o suficiente quando, na verdade, ainda estávamos salgados demais.

Por mais que você, leitor, não entenda nada sobre o que é chegar ao fim de um relacionamento, você irá entender cada frase e cada texto deste livro. Júlio Hermann tem o dom de deixar o leitor passear por todos os seus medos e dividir o peso de entender em qual momento as coisas começaram a sair dos eixos. Ao mesmo tempo em que tudo começa a fazer sentido e a dor no peito vai dando espaço para um sentimento mais leve.

Em algum momento entre fevereiro e abril, você me amou mais. Provavelmente no carnaval, quando a gente fez folia em casa, na frente do televisor. Você não perdeu o carinho por mim, e eu perdi menos ainda em relação a você. No entanto, passamos a nos querer menos.
Talvez o fim do amor seja justamente isso.




Eu me surpreendi demais com esse livro. Conheci o autor através dos textos que vários amigos compartilhavam nas redes sociais e acabei chegando até o juliohermann.com. E gente do céu, uma infinidade de crônicas para guardar no fundo do coração. Por isso, fiquei feliz quando a Faro Editorial anunciou o lançamento do novo livro do autor. Além disso, eu sabia que a editora não decepcionaria e faria um trabalho maravilhoso. Teríamos uma edição apaixonante.

10 músicas para ouvir em momentos aleatórios

Fonte: Mark Solarski

Oi! :)

Já estava sentindo uma saudade absurda de falar sobre temas diferentes aqui no blog. Confesso que tenho evitado planejar muito o que vai aparecer por aqui ou então as ideias ficaram presas no papel (ou em um arquivo do computador) e eu não me perdoaria por isso. Manter o blog atualizado tem sido uma tarefa difícil, mas a saber que ainda tenho um espaço para dividir um pouco de tudo o que eu gosto me traz um pouco de tranquilidade.

Por esses motivos, as playlists estão de volta! Venho tentando sair da minha zona de conforto e ouvir novos artistas e estilos, afinal, nos últimos meses, sempre que pensava em postar alguma playlist no blog acaba selecionando os mesmos artistas e músicas que já deram as caras por aqui (várias vezes). A busca ainda não trouxe grandes resultados, mas agradeço as listas do Spotify pela infinidade de opções, rs.

Vamos a lista?


1. Believe - Mumford & Sons
Caramba, nem me lembro quando passei a escutar Mumford & Sons, mas eles estão comigo desde o início do blog. Algumas músicas já apareceram por aqui, mas acho que essa nunca foi para nenhuma playlist. A letra é uma das minhas favoritas! ♥ Se você não conhece a banda vale a pena conferir também I will wait, Little lion man e Beloved, ou então salva o álbum Babel inteiro e seja feliz. ♥



2. Too Late For Lullabies - James Morrison
Amo demais essa música! Já fazia algum tempo que ela não aparecia nas minhas playlists, mas ela traz uma mensagem bonita demais para ficar esquecida. :)



3. Tiger Striped Sky - Roo Panes
Essa música é muito amorzinho. Não sei por quê mas sempre que escuto tenho a impressão de ser a escolha perfeita para cair na estrada sem rumo ou expectativas. Não me pergunte o motivo dessa ideia sempre surgir na minha cabeça, mas é a primeira referência que vem na minha cabeça quando escuto.



4. The Black Tree - Stu Larsen
Stu Larsen sendo perfeito mais uma vez. Fiquei muito feliz de escutar esse homem cantando ao vivo.



5. Same Mistake - James Blunt
Pelo simples fato de ser James Blunt. Essa foi a primeira música dele que eu conheci e desde então sempre incluo nas minhas listas. Por algum motivo, essa ganhou um espaço no meu coração. Talvez por ter sido a primeira, mas com certeza a letra acertou em cheio.



6. Best I'll Ever Sing - Maisie Peters
Só conheci essa música graças as playlists do Spotify, não consigo nem lembrar como cheguei até ela, mas gostei logo de cara.



7. Best I'll Ever Sing - Maisie Peters
Eu sei, eu sei. Essa música fez sucesso com os Backstreet Boys (e longe de mim falar qualquer coisa sobre eles, rs), mas vocês já ouviram a versão do Sleeping At Last? Não há como não amar. ♥



8. I Will Be Happy and Hopefully You Will Be Too - Stu Larsen
Sabe aquela música gostosa de ouvir em um dia que você está a toa? Essa música é maravilhosa! Aliás, qualquer música do Stu tem o toque diferente que as tornam especiais.



9. A Thousand Matches - Passenger
Acho que não preciso mais dizer o quanto eu sou apaixonada por esse homem, certo? Nenhum outro cantor consegue trazer tantos sentimentos em um única canção. ♥



10. My Repair - Sons Of The East
Viva o Spotify por mais essa preciosidade. ♥

[Lançamentos] Três livros que chegam pela Editora Rocco neste mês


Oii! :)

Antes de falar dos lançamentos da Rocco, quero saber de vocês: o que acharam do novo layout do blog? Não fazia muito tempo desde que eu tinha trocado, mas a verdade é que o último layout estava me incomodando um pouco, desde o dia que eu troquei. Então, aproveitei que eu já tinha um pronto e que eu ainda não tinha usado no blog e resolvi mudar mais uma vez, rs. Espero que vocês tenham gostado, porque acho que esse ficou bem mais parecido comigo. :)

Enfim. Vamos aos lançamentos?

MaddAddão, de Margaret Atwood


MaddAddão é o terceiro e último volume da série iniciada com Orix e Crake e adensada em O Ano do Dilúvio. Estruturalmente, o romance é similar aos anteriores, alternando entre um mundo pós-catástrofe e as circunstâncias que levaram as coisas àquele degringolamento. À luz de seu capítulo final, a trilogia de Margaret Atwood pode ser lida como um épico de devastação e possível reconstrução, quando, pelas vias mais tortuosas e traumáticas possíveis, os sobreviventes acabam por ensaiar uma conexão mais saudável uns com os outros e com o ambiente ao redor – ou o que restou dele.

Antes, Orix e Crake nos apresenta esse mundo em frangalhos e as causas imediatas de sua desolação, uma espécie de reboot biológico por meio de uma pandemia engendrada e perpetrada por um dos personagens-título, ao passo que O Ano do Dilúvio nos oferece mais detalhes sobre o status quo imediatamente anterior à pandemia, algo como uma sociedade de castas marcada por consumismo desenfreado, experimentos biogenéticos e exclusão social.

MaddAddão recupera personagens dos outros dois romances, sobretudo Toby, Zeb e Jimmy, o “Homem das Neves”, para dar uma espécie de salto. Este diz respeito não só às tonalidades algo esperançosas que ganham corpo a partir de um determinado ponto da narrativa, mas, acima de tudo, às perguntas que surgem enquanto a trama oscila entre o presente e o passado: é possível recuperar o que foi perdido? Sendo possível, é aconselhável recuperar? Ou seria mais saudável dar um passo adiante, rumo a um novo mundo? Gosto de pensar que a melhor resposta se coloca como uma espécie de meio-termo, e que a beleza do livro reside justamente nesse renovado compromisso com o que ainda resta de humano em todos ou, pelo menos, alguns de nós.

Assim, a união entre os hipongas Jardineiros de Deus e os bioterroristas outrora conhecidos como “maddadamitas” (apresentados em O Ano do Dilúvio) talvez aponte, logo de cara, para a instituição daquele novo mundo ou, pelo menos, para a possibilidade de ele seja factível, alcançável. Claro que, entre uma coisa e outra, há um longo e doloroso caminho a ser percorrido, muitas lacunas a serem preenchidas e algumas batalhas por serem travadas. Destas, a mais assustadora talvez seja contra os painballers. No mundo anterior, se é que podemos falar nesses termos, os painballers eram prisioneiros das corporações que se viam destituídos de qualquer empatia e obrigados a lutar uns contra os outros, como gladiadores. Soltos no mundo pós-pandemia, eles talvez correspondam àquele impulso humano, insistente como poucos, de destroçar o semelhante e, por conseguinte, a si mesmo.

No entanto, e isso é outra proeza dessa extraordinária prosadora que é Atwood, não é a violência que mais salta aos olhos no decorrer de MaddAddão. Antes e (com sorte) depois dela, estão o amor de Toby por Zeb e de Zeb por seu irmão perdido, Adão. O romance é animado por duas buscas substanciais, que ajudam a iluminar tanto aquele passado obscurecido pela dor e quanto o caminho para um futuro mais aprazível.

Quatro mulheres sobre o sol da toscana, de Frances Mayes


Ao relatar a reforma de um casarão na Toscana no best-seller que já vendeu mais de um milhão de cópias no mundo inteiro, a escritora norte-americana Frances Mayes escolheu o cenário de sua produção literária a partir dos anos 1990. A adaptação cinematográfica de Sob o sol da Toscana, no entanto, guardou apenas nomes de personagens e localidades baseadas na realidade, criando tramas românticas inspiradas no livro de memórias. Em Quatro mulheres sob o sol da Toscana, Frances Mayes faz da região o fator determinante para suas personagens redescobrirem, na meia-idade, o entusiasmo pela vida.

A primeira das quatro mulheres a chegar à fictícia vila de San Rocco é a escritora Kit, que vive lá com seu companheiro Colin há mais de uma década. De seu jardim, Kit observa quando as viúvas Camille, de 69 anos, e Susan, de 64, acompanhadas por Julia, de 59, recém-separada do marido, se instalam num casarão vizinho,depois de se recusarem a morar em uma lar para idosos nos Estados Unidos. É na Toscana que elas podem voltar a se dedicar a interesses – pintura, culinária e jardinagem - que não envolvam o cuidar das próprias famílias, além de fazerem amigos e conhecerem novos parceiros amorosos. Kit e Colin, cuja rotina aparentemente está definida, também reconstroem seu entendimento do que é a vida de casal, enquanto as três vizinhas se integram alegremente à nova rotina que inclui refeições deliciosas a serem degustadas por amigos, viagens a vilarejos pitorescos nas cercanias.

Um hino de celebração à existência, Quatro mulheres sob o sol da Toscana traz uma idílica descrição de estilo de vida num lugar que merece mais do que uma breve temporada de férias. Além da confessada paixão pela Itália, Frances Mayes faz deste romance jovial um defesa delicada, mas firme, da convicção de que em qualquer idade é possível realizar seu sonho de felicidade.

Descomplicadas, de Lisa Damour


Com anos de experiência ouvindo meninas e seus pais, a psicóloga americana Lisa Damour sabe como ninguém que pode ser muito estressante deixar a infância e entrar no mundo adulto. Mas, segundo ela, a adolescência não precisa ser o caos que todos pintam. Em Descomplicadas, best-seller do New York Times, a especialista ensina pais e mães a olharem para as suas filhas adolescentes com outros olhos.

Não, a sua filha não é a única que faz os pais passarem por momentos embaraçosos. Sim, adolescentes às vezes são irritantes. Isso porque existe um padrão no amadurecimento, como um mapa de como elas crescem: é comum, por exemplo, o comprimento da saia diminuir e a porta do quarto passar a ser trancada à chave. Para que os pais possam identificar em que fase do desenvolvimento físico, social ou mental cada ex-menininha se encontra, Lisa descreve comportamentos que se repetem e enumera as sete etapas necessárias para que garotas se tornem adultas, como “Dominando as emoções”, “Desafiando a autoridade do adulto” e “Entrando no mundo do romance”. Reconhecendo em qual delas a filha está, fica mais fácil entendê-la e se relacionar com ela.

Lisa Damour dá ferramentas para a família se conectar (uma carona para a escola, momento em que todos olham para a frente e têm a certeza de que qualquer assunto não se estenderá por muito tempo, pode ser uma boa oportunidade para puxar conversa), além de apontar comportamentos que merecem atenção especial. No final de cada capítulo, a seção “Quando se preocupar” vai ajudar os pais a decidirem quando é preferível não interferir ou quando é melhor fazê-lo. Com base em uma união de fatores, o livro vai acender uma luz amarela se houver a necessidade de procurar ajuda profissional, ou vai tranquilizar os pais para que deixem suas garotas seguirem adiante sozinhas.

Este guia pretende ajudar pais a compreenderem suas filhas, a se preocuparem menos com elas e também incentivar que cada etapa alcançada seja aplaudida. Tudo para descomplicar a tarefa desafiadora, desgastante e ao mesmo tempo deliciosa.

Preparem-se, Charlie Donlea está de volta!


Anotem na agenda, "Uma mulher na escuridão" chega as livrarias em maio! O autor dos livros "A garota do Lago" e "Deixada para trás" traz um novo suspense cheio de segredos. Confira a sinopse:

Ao limpar o escritório de seu pai, falecido há uma semana, a investigadora forense Rory encontra pistas e documentos ocultados da justiça que a fazem mergulhar num caso sem solução ocorrido 40 anos atrás.

No verão de 1979, cinco mulheres de Chicago desapareceram. O predador, apelidado de Ladrão, não deixou nenhum corpo ou pista — até que a polícia recebeu um pacote enviado por uma mulher misteriosa chamada Angela Mitchell, cujas habilidades não-ortodoxas de investigação levaram à sua identidade. Mas antes que a polícia pudesse interrogá-la, Angela desapareceu.

Agora, Rory descobre que o Ladrão está prestes ser posto em liberdade condicional pelo assassinato de Angela: o único crime pelo qual foi possível prendê-lo.

Sendo um ex-cliente de seu pai, Rory reluta em representar o assassino, que continua afirmando não ser o assassino de Angela. Agora o acusado deseja que Rory faça o que seu pai prometeu: provar que Angela ainda está viva.

Enquanto Rory começa a reconstruir os últimos dias de Angela, outro assassino emerge das sombras, replicando o mesmo modus operandi daqueles assassinatos. A cada descoberta, Rory se enreda mais no enigma de Angela Mitchell, e na mente atormentada do Ladrão.

Traçar conexões entre passado e presente é a única maneira de colocar um ponto final naquele pesadelo, mas até Rory pode não estar preparada para a verdade.

CHARLIE DONLEA vive em Chicago com sua esposa e dois filhos pequenos. Um de seus hobbies é pescar em lugares praticamente desertos do Canadá. Essas viagens por estradas paradisíacas inspiraram o cenário para o seu livro de estreia.

Ávido leitor, é também apaixonado por música, filmes, seriados e esportes. Quando decidiu escrever seu primeiro livro, ele se preparou para produzir algo como tudo o que gosta de encontrar nos seus filmes e livros prediletos: uma história capaz de deixar o leitor refletindo sobre ela por muito tempo depois de terminada a leitura.

[Resenha] A mulher com olhos de fogo, de Nawal El Saadawi


Nesse livro a ficção se mistura com a realidade e traz uma história cheia de sofrimento, abusos e resignação. Enquanto Firdaus espera pelo dia da sua morte, a autora resolve ir à prisão de Qanatir, no Egito, e ouvir a sua história. A partir dessa visita surgiu o livro “A mulher com olhos de fogo”.

O ano é 1974 e Firdaus espera pela morte. Após ser condenada a forca por confessar o assassinato de um homem, ela não apresenta nenhum vestígio de que deseja viver. Não por culpa, ou arrependimento. Firdaus mataria novamente, sem parar para pensar, se saísse daquela prisão. Eles têm medo de mulheres como ela, é por isso que ela foi condenada a morte. A lei pune mulheres como ela.

Desde sua chegada a Qanatir, Firdaus se negava a falar com qualquer pessoa. Foi só no seu último dia na prisão que ela decidiu contar sua história. Um relato rápido e que não deixava espaço para perguntas. Foi nesse dia que a autora descobriu o que tinha levado Firdaus até a prisão e feito com que ela aceitasse o seu destino sem lutar pela vida. O que, no início, poderia parecer resignação, passou a ser força. A mulher naquela cela estava cansada de ser subjugada por tantos homens e decidira lutar, mesmo que isso a levasse a pena de morte. Firdaus jamais aceitaria ordens de outro homem.


A vida não tinha sido fácil para ela. Firdaus trabalhava no campo desde cedo para ajudar a família. A comida era escassa e o seu pai, um pobre lavrador sem instrução, estava sempre nervoso. Não demorou muito para que ele começasse a bater na mãe. Mesmo que não houvesse comida para ela e os irmãos, sempre havia um prato de comida pronto para quando seu pai chegasse a casa. Sua mãe não era diferente. Houve uma época em que Firdaus recordava de ser tratada com carinho, mas logo a mãe se tornou tão bruta quanto o pai. Certa vez, sua mãe trouxe uma mulher na casa, ela trazia uma faca pequena. Nesse dia, Firdaus teve as genitálias mutiladas. Ela chorou a noite inteira e não foi mais enviada ao campo. Seu trabalho era sempre perto da casa.

Um tio mais velho, que ensinou Firdaus a ler e escrever. A garotinha via no tio a figura paterna que ela não encontrava em casa. Era um bom homem. Até que Firdaus crescesse. Sempre que estavam sozinhos, ele aproveitava tocar a sobrinha.

Alguns anos depois, Firdaus foi forçada a se envolver em um casamente, com um homem muito mais velho do que ela. Um homem avarento que tratava de ofender e depois bater em Firdaus sob qualquer pretexto. A primeira vez que ele bateu nela, a jovem fugiu para a casa do tio, mas assim que chegou a casa o tio e esposa trataram de convencê-la a voltar. Um marido poderia bater na esposa para corrigi-la, Firdaus tinha que aceitar. Quando não pode mais aguentar, Firdaus fugiu mais uma vez, mas não foi para a casa do tio. Andando pela rua com o rosto ensanguentado e cheio de hematomas, ninguém se ofereceu para ajuda-la. Foi quando encontrou um homem bondoso que resolveu acolhe-la em sua casa até que Firdaus encontrasse um emprego. O homem logo passou a abusar da jovem e mantê-la trancada em casa. Com a ajuda de uma vizinha, Firdaus fugiu.

Perambulando pelas ruas, Firdaus entendeu que sempre teriam homens prontos para abusar dela. Homens que pagariam por isso. Sem escolha, Firdaus foi mais uma vez jogada na mão de homens, de todos os tipos, que queriam apenas um corpo bonito. A vida de Firdaus foi construída em cima dos abusos e das vezes em que ela precisou se curvar para a vontade de homens que não enxergavam nas mulheres nada mais do que um corpo ou um meio de subir na vida.



Foi assim que ela se viu presa a um homem perigoso que passou a controlar tudo o que ela ganhava dos seus clientes. Um homem que acumulou mais contatos e importância do que Firdaus, a ameaça estava sempre ali, pronta para destruir sua vida mais uma vez. Até que uma noite, Firdaus descobre que uma vida inteira de resignação tinha sido o suficiente para lhe dar coragem. Matar aquele homem tinha sido por legitima defesa, no início. E Firdaus se surpreendeu com a facilidade e tranquilidade com que tinha agido. Ela nunca mais se curvaria para homem nenhum.

Agora ela sabia, era por isso que eles a mantinham presa. Era por isso que eles a mataria. Se Firdaus voltasse para as ruas, ela mataria todos eles. A lei tinha sido criada para punir mulheres que se rebelassem contra os homens. Mulheres como Firdaus, que tinham criado coragem para colocarem um ponto final nas ameaças, nas agressões e nos abusos que as todas foram ensinadas a tolerar.

Um livro curto, mas que carrega uma história surpreendente. A história de uma mulher que representa tantas no mundo. E que por uma última chance de mostrar que jamais abaixaria a cabeça novamente aceitou a morte com coragem.