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Resenha | "No Lugar Errado, Na Hora Errada", de Greer Hendricks e Sarah Pekkanen

Oi! Como você está?

O post de hoje é sobre um livro que me deixou bastante perturbada e me fez parar a leitura por alguns dias para conseguir absorver tudo o que estava acontecendo e deixar que a angústia diminuísse o suficiente para voltar à leitura.

"No lugar errado, na hora errada" foi escrito pelas autoras Greer Hendricks e Sarah Pekkanen e publicado pela Faro Editorial este ano. É um thriller psicológico que merece ser lido e, para quem gosta do gênero, é um prato cheio!




Shay não vê perspectivas para a sua vida. Ela ainda procura por um emprego depois de ter sido demitida e enquanto trabalha como analista de dados em um emprego temporário. Ela divide o apartamento com Sean e, agora, com a namorada dele. E foi para deixá-los sozinhos que Shay saiu naquela manhã e viu a sua vida mudar em um instante. Shay vê o momento em que uma mulher comete suicídio no metrô. Alguns dias depois, Shay descobre a identidade da mulher – Amanda – e ao visitar o prédio em que ela morava, descobre que acontecerá um velório em sua homenagem. Shay não consegue esquecer o que viu e se pergunta o que levaria alguém a colocar fim na própria vida. Na tentativa de conseguir respostas, ela decide ir até o velório.

Lá ela conhecerá as irmãs Moore, Cassandra e Jane, amigas das Amanda e responsáveis por organizar o velório. A primeira vista, as irmãs parecem perfeitas. Elas acolhem Shay mesmo sem conhecê-la e demonstram interesse em se aproximar dela. De imediato, Shay se vê atraída pelo carinho e pela atenção que recebe, sem entender o motivo daquelas mulheres, que devem ter tudo o que querem, desejarem a amizade de uma pessoa como ela.

Shay se aproximará cada vez mais das irmãs Moore e verá a sua vida ganhando um novo rumo. Pela primeira vez em anos, as coisas parecem caminhar bem em sua vida. Ela tem amigas que a motivam a melhorar, a mudar e acreditar em si mesma. Sem se dar conta, Shay terá sua vida transformada em um espelho da vida da Amanda e se envolverá em uma rede de segredos, desconfianças, mentiras e perigo. Ela deveria confiar tanto, em tão pouco tempo, em duas pessoas que ela mal conhece?








Shay é uma mulher extremamente solitária e insegura. Ela tem apenas dois amigos, um relacionamento superficial com a mãe e não tem namorado. Depois do episódio no metrô, é de se esperar que ela não esqueça facilmente, quem esqueceria? No entanto, sem se dar conta, ela se vê obcecada pela vida da Amanda. Shay tenta entender o que levaria Amanda a colocar um fim na própria vida. Quanto mais informações ela encontra sobre a mulher, mais ela percebe as semelhanças entre elas. Shay enxerga um espelho de si mesma e passa a se perguntar se ela também acabará da mesma forma. A partir deste ponto, Shay se envolverá cada vez mais fundo na vida da Amanda e logo estará presa em uma rede de mentiras que ela teve de contar.

Enquanto isso, as irmãs Moore surgem em meio a desconfianças e dispostas a fazer o que for necessário para proteger os segredos do pequeno grupo de amigas, do qual Amanda fazia parte. Para as irmãs Moore vale a máxima de que os fins justificam os meios. Tudo o que elas fizeram e farão pode ser justificado pelo “bem maior”. Pessoas são sacrificadas para proteger mulheres vulneráveis, isso não é um problema para elas. Ela realmente acreditam que estão fazendo o que é melhor e é perturbador ver a forma como lidam com tudo o que vai se desenrolando na história.









A obsessão de Shay pela Amanda é sutilmente apresentada durante o enredo. Os detalhes vão passando despercebidos por Shay até que ela se veja em um ponto do qual, talvez, não consiga sair. Enquanto comentava sobre o livro com a Flávia (do @fala.werneck), ela disse algo que se encaixa perfeitamente nesta história: ninguém é 100% bom ou mau. De fato, durante toda a narrativa é fácil entender isso. Todos os personagens mostram suas fraquezas, erros e segredos que os tornam reais. Você consegue se identificar com a situação da Shay e ao mesmo tempo duvidar das ações que ela tomará durante a história. Ao passo que você também poderá entender as atitudes das irmãs Moore. A diferença entre todos os personagens é qual deles estará disposto a ultrapassar a linha tênue entre o que é certo e o errado.

O final foi o único ponto que me fez dar 4 estrelas em vez de 5. A história se desenvolve muito bem até o último capitulo. Ao chegar ao ponto em que tudo será solucionado, a história acaba de forma repentina e deixa algumas pontas soltas. Não é nada que tire o brilho da história, mas foram algumas coisas que gostaria de ter visto com mais calma e com mais detalhes.

É isso! “No lugar errado, na hora errada” é um thriller psicológico que te fará duvidar das coisas em que você acredita e te fará pensar se algumas ações poderão ser justificadas quando você descobrir os motivos por trás de cada uma. É uma história envolvente, perturbadora e está mais do que recomendada!



[Resenha] Mestres do Mistério: Crimes quase perfeitos em salas trancadas



"Mestres do Mistério" foi publicado pela Faro Editorial em maio deste ano e traz cinco contos escolhidos pelo Victor Bonini. São contos de renomados autores do gênero, apresentados em uma edição linda e muito bem produzida pela Faro Editorial.

Para abrir a leitura com chave de ouro, foi escolhido Arthur Conan Doyle, o responsável por dar vida a um dos detetives mais conhecidos em todo o mundo: Sherlock Holmes. Em mais uma de suas aventuras, Sherlock e John Watson ajudaram sr. Hilton Cubitt, com o estranho caso dos dançarinos. O sr. Cubitt encontrou em sua propriedade desenhos, que a primeira vista passariam como brincadeira de criança. No entanto, sua esposa, ao encontrar os desenhos, ficará desesperada, dando a entender que havia muito mais significado para aqueles desenhos do que apenas uma brincadeira. Sem desejar cobrar explicações de sua esposa, o sr. Cubitt foi em busca da ajuda de Sherlock Holmes para desvendar o mistério.

Um crime acontecerá antes que Sherlock Holmes possa solucionar o caso. Tudo indica que o assassinato ocorreu dentro de um escritório, com a porta e a janelas fechadas. Se não havia forma de entrar ou sair, então como o crime aconteceu?

Um conto rápido e instigante que conduz o leitor para um desfecho brilhante. Posso ser suspeita para falar, já que as histórias de Sherlock Holmes são as minhas favoritas para o gênero, mas Arthur Conan Doyle fez um trabalho sem defeitos nesta história.





O segundo conto é de ninguém menos que Edgar Allan Poe com “Os assassinatos na rua Morgue”. Um crime terrível ocorreu durante a noite. Duas mulheres, que moravam sozinhas, foram brutalmente assassinadas. O crime teria ocorrido dentro de um dos quartos, com a porta trancada. Uma das vítimas foi decapitada e a outra sofreu golpes de algo muito pesado. A polícia não tem nenhum suspeito ou motivação para o crime. As duas mulheres, mãe e filha, viviam reclusas e não recebiam visitas. Na noite do crime, os vizinhos ouviram gritos aterrorizantes e um grupo resolveu invadir a casa. Uma discussão estranha foi ouvida e ao entrarem no quarto, encontraram a cena de um assassinato brutal.

Auguste Duplin tem talento para enxergar aquilo que ninguém mais vê. Sem atropelar os fatos e de forma bastante detalhista, o jovem consegue analisá-los e deduzir a sequência dos acontecimentos. O jovem entrará na cena do crime para descobrir o que houve. Enquanto a polícia mantém sua atenção nos pontos irrelevantes para chegar a conclusão do caso, Duplin começa a sua busca sem descartar nenhuma informação e desta forma, logo descobrirá como as duas mulheres foram mortas.

Uma história empolgante e com um desfecho que jamais passou pela minha cabeça. Ainda não tive a chance de ler algo de Edgar Allan Poe e me surpreendi com a escrita. A história, depois das primeiras páginas, desenrola facilmente e logo estamos criando teorias do que aconteceu. Confesso que fiquei com a impressão de ver na personalidade de Duplin muito do Sherlock, acredito que muito se deve por acabo de ler uma história com ele. Mas não foi nada que atrapalhou a minha experiência.

O terceiro conto é de Jacques Futrelle, “O problema da Cela 13”. Um famoso cientista tentará provar aos amigos que consegue fugir de uma cela da prisão em 7 dias. Ao propor o desafio o cientista concordará em entrar na cela com nada mais do que alguns dólares e um par de sapatos engraxados.

Eu não conhecia o autor, mas preciso dizer que este foi o conto que menos chamou a minha atenção. A história não fluiu com facilidade e achei um motivo um tanto quanto irrelevante que levou o cientista a querer aceitar o desafio. Na verdade, foi uma história bem superficial e que não me atraiu tanto.




Para o quarto conto, foi escolhido G, K. Chesterton com “O homem invisível”. Seguindo as outras histórias, um assassinato acontecerá de forma misteriosa, em um apartamento trancado e vigiado do lado de fora. Não tenho muito mais o que dizer sobre este conto, porque é bastante curto. Acho que faltou um pouco mais de desenvolvimento da história. Basicamente, o crime acontece e, magicamente, o crime é solucionado. A maior parte da história foca em contar sobre uma personagem que ficou esquecida depois.

O último conto é de Wilkie Collins, “A história do viajante a respeito de uma cama extremamente ruim”. Diferente dos outros quatro contos, neste não haverá assassinato. Após vencer todas as apostas da casa de jogos e ganhar uma pequena fortuna, uma tentativa de assassinato acontecerá em um quarto fechado. Como o quase crime aconteceu é o mistério a ser desvendado neste conto.


Em “Mestres do Mistério” você encontrará uma sala fechada e um mistério a ser resolvido. Grandes nomes do gênero tentam mostrar a você que o impossível pode ser bem mais simples de acontecer do que você imagina.

[Resenha] Imperfeitos, de Christina Lauren


Recebi esse livro em parceria com a Faro Editorial. “Imperfeitos” é o lançamento de Março da editoria e já aviso que foi uma leitura bastante divertida. Esse livro foi escrito pelas autoras norte-americanas Christina Hobbs e Lauren Billings, através do pseudônimo Christina Lauren. Esta dupla é famosa por vários títulos como best-sellers do New York Times e seus livros já foram publicados em mais de 30 idiomas.

Neste novo livro, conheceremos Olive Torres. Olive sempre soube que Ami era a irmã sortuda. Elas são gêmeas, mas as semelhanças acabam por aí. Ami é a otimista, adora sorteios e ganha todo o tipo deles. Enquanto Olive é vista como negativa, ranzinza e azarada. Agora Ami estava prestes a ser casar com Dane, um cara do qual Olive não conseguia gostar, mas suportava por amor a irmã.


Foi participando de sorteios que Ami conseguiu quase tudo para o seu casamento, incluindo a viagem de lua de mel dos sonhos com tudo pago. Para surpresa de Olive, a vida parece sorrir para ela, pela primeira vez, de um jeito meio torto. Todos na festa acabam com intoxicação alimentar, exceto Olive e Ethan, o irmão mais novo do noivo. Olive conheceu Ethan quando Ami começou a namorar o Dane, mas a antipatia dele por Olive ficou evidente logo no início. Olive ainda se ressente pela forma como ele pareceu menosprezá-la naquele primeiro encontro. Agora, sorte ou destino, os dois foram os únicos sobreviventes da doença que atingiu todos os convidados do casamento.

Disposta a não desperdiçar a lua de mel com tudo pago, em Maui, uma ilha no Havaí, Ami incentiva a irmã a se passar por ela e aproveitar a viagem em seu lugar. Uma mentira totalmente possível, já que as duas eram gêmeas idênticas e ninguém desconfiaria de nada. Uma ótima ideia, até Olive descobrir que Dane também ofereceu a viagem a Ethan. O que significava que os dois teriam que passar dias em uma ilha no Havaí, vivendo a lua de mel perfeita dos irmãos. O destino não parece querer facilitar as coisas, mas esse tipo de sorte não acontecia na vida de Olive, então ela aceita. No dia seguinte, os dois estão juntos no aeroporto, rumo a uma viagem romântica e incapazes de manter um diálogo sem sarcasmo e longas discussões, apenas pelo prazer de discordar um do outro.

Já em Maui, o plano é que não tivessem contato um como o outro, a não ser quando estritamente necessário. Pelo menos era, até o momento em que Olive acaba contando uma mentira em um momento de desespero e, em seguida, é a vez de Ethan desesperadamente seguir a mentira de Olive. Uma história pequena, tomando uma proporção maior do que gostariam e não há nada que possam fazer a não ser seguir com o novo plano e, quem sabe, no meio do caminho descobrir que as coisas poderiam ser mais fáceis entre eles. Essa será uma lua de mel de mentira bastante longa.





Preciso dizer que eu me divertir lendo esse livro. Olive e Ethan possuem muita química e de cara você já está torcendo por eles. O diálogo entre os dois é repleto de sacadas inteligentes e muito sarcasmo. Confesso que até a metade do livro eu não conseguia entender o motivo de toda a aversão de Olive por Ethan, pelo menos não pelo motivo que é apresentado. E posso dizer o mesmo do motivo de Ethan não se aproximar de Olive. Nesse ponto, a justificativa não me convenceu muito, mas olhando o todo, acredito que a ideia fosse exatamente essa. Fico com a impressão de que as autoras optaram por mostrar que a falta de um diálogo e maturidade tenha levado ao ponto em que cada um assumiu uma verdade para si e deram prioridade ao orgulho ferido. Digo isso, porque tanto Ethan quanto Olive vão amadurecendo com o desenrolar da história.

Quanto aos personagens, a maior parte da história concentra-se em Olive e Ethan. Mas somos apresentados a alguns personagens secundários e, com exceção de Ami e Dane, as autoras não se aprofundaram na história deles. Eles trazem significado para história, mas não sabemos muito deles para analisar.

Enquanto isso, como a narrativa acontece pelo ponto de vista da Olive, vemos muito de sua história. Uma mulher insegura, desconfiada e sempre se comparando com a irmã. Neste ponto, pensei que Olive teria algum ressentimento com a irmã por achar que tudo sempre foi melhor e mais fácil para ela, mas não é o que acontece. Olive não consegue imaginar que coisas boas possam acontecer com ela. Ela já pensa no que pode dar errado antes mesmo de tentar. Também não consegue pensar em algo que a faça feliz ou que a motive a trabalhar pelo resto da vida. Com o desenrolar da leitura é muito bom ver como Olive vai amadurecendo e encontrando o seu caminho.

Já com Ethan, vemos pouco de sua vida. É um rapaz que no início foi apresentado como esnobe, infantil e com ciúmes do irmão. Ao passar da viagem, tanto o leitor como Olive vão descobrindo que tudo foi apenas por conta de uma primeira impressão ruim. Ethan, apesar de não querer demonstrar, é um cara romântico, divertido e que ama o trabalho. Acabei o livro apaixonada por ele. Inclusive somos presenteados com um epílogo com a narrativa feita por Ethan. Por sinal, foi uma forma linda de encerrar a história.



O romance entre eles é evidente desde os primeiros capítulos, há muita tensão ali e não há como não imaginar que vai acontecer algo. Ainda que Olive esteja disposta a ignorá-lo completamente, não importa o quão bonito e atraente ele seja, porque Ethan nunca demonstrou nenhuma afeição por ela. Pelo contrário, Ethan deixou uma péssima primeira impressão e Olive não mudaria de ideia sobre ele. Bom, essa era a ideia antes de uma mentira acabar os unindo pelo resto daquela viagem dos sonhos. Não importa o quanto se odiassem, a partir daquele momento, teriam que fingir um sentimento que não tinham e, quem sabe esse não seria o incentivo que precisavam?

No mais, eu me divertir com o jogo de ironia entre os dois. Achei o tipo de clichê gostosinho de ler, daqueles que você assisti em uma tarde chuvosa para passar o tempo. A leitura flui muito bem e logo as mais de 200 páginas passam sem que você se dê conta. Confesso que fiquei presa na história e não consegui largar o livro até terminar a leitura. Faz um bom tempo que não me prendo a uma história desta forma e foi muito bom poder sentir novamente.

É isso! Não há mais nada que posso dizer sem dar algum spoiler, mas posso dizer que foi uma leitura que deixou um quentinho no coração. Leitura mais do que indicada para quem gosta de um romance leve e divertido. Leiam e voltem aqui para me contar o que acharam!




Resenha | Por que não podemos esperar, de Martin Luther King


Já faz algum tempo que estou adiando a resenha desse livro. Ele chegou em um momento complicado e não pude dar a devida atenção. Decidi adiar e reler em outro momento, e hoje posso dizer que foi a melhor escolha que fiz. Este livro é repleto de reflexões e ensinamentos necessários. Não sou negra, mas entendo que livros como este devem ser lidos como um aprendizado, não apenas da luta contra o racismo, mas contra toda as demais formas de discriminação.


Um rápido contexto histórico para você entender:

A escravidão foi abolida em 1865, nos Estados Unidos, sem a garantia dos direitos básicos aos ex-escravizados. Grupos sulistas, como a Ku Klux Klan, não aceitaram a ideia dos direitos iguais entre brancos e negros, intensificando assim o apoio as leis segregacionistas.

Uma vez que era permitido aos Estados criarem as próprias leis, um conjunto de leis adotadas em 1870, chamado de “Jim Crow”, definiam a segregação racial no sul dos Estados Unidos. Leis como a que proibiam os negros de ocupar os mesmos locais que os brancos em serviços públicos e privados eram defendidas pelos grupos segregacionistas.


“Em sua declaração, os senhores afirmam que nossas ações, apesar de pacíficas, devem ser condenadas porque incitam a violência. Mas essa é uma afirmação lógica? Isso não é com o condenar um homem que foi assaltado porque o fato de ele possuir dinheiro incitou o ato cruel do assalto? (…) Devemos ver que, como as cortes federais têm afirmado consistentemente, é errado pedir a um indivíduo que cesse seus esforços para obter seus direitos constitucionais básicos, porque a busca pode incitar a violência. A sociedade deve proteger o roubado e punir o ladrão.”



Em meio a esse cenário, damos início a leitura de “Por que não podemos esperar”. Publicado originalmente em 1964, Martin Luther King traz um relato profundo, necessário e concentrado nos acontecimentos de 1963 em Birmingham, no Alabama. Conhecida por ser uma das cidades mais segregacionistas dos Estados Unidos, Birmingham foi um marco para o Movimento pelos Diretos Civis.

Durante a narrativa, King mostra o que é ser negro em uma cidade extremista, que não estava disposta a dialogar e abrir mão de leis segregacionistas. Casas e igrejas, locais frequentados pelos negros, eram bombardeados; pessoas negras eram espancadas até a morte; parques foram fechados para que os negros não pudessem frequentá-los. Uma realidade que muitas vezes lemos em livros de histórias ou são apresentadas em filmes. Mas é através de um dos maiores ativistas dos direitos civis que podemos enxergar de forma clara o que de fato aconteceu e ainda acontece.

King conta sobre as reuniões dos membros do movimento, apresentando a importância de um protesto não-violento. Todos que desejassem participar, deveriam estar preparados para momentos de humilhação e agressões sem levantar armas, ainda que na forma de palavras. O silêncio era o maior poder que eles carregavam, nenhuma autoridade estava pronta para enfrentar um grupo que não revidava e seria desta forma que alcançariam os direitos pelos quais estavam lutando. Ninguém era impedido de participar. Aqueles que não estavam prontos para as marchas, ajudavam nos bastidores do protesto.



Eu não consigo escolher um único momento do livro que tenha me tocado mais do que outro. Como um aprendizado, toda a leitura é repleta de reflexões e argumentos que desmontam qualquer acusação feita por pessoas privilegiadas. Martin Luther King foi um homem gigante que sabia defender o que acreditava. Ele sabia que a única forma de alcançarem o que era de direito dos negros era através de movimentos sem violência. Um povo constantemente ameaçado, agredido e assassinado, lutando sem retaliações, sem devolver a agressão que recebiam. Isso era algo que os seus agressores não esperavam. E foi através dessa sabedoria que o Movimento pelos Direitos Civis s alcançou lugares que nenhum segregacionista esperava que eles chegassem.

Por que não podemos esperar” é um livro necessário. Um livro para quem está disposto a aprender, entender e apoiar a luta das pessoas negras.

Resenha | Procure nas Cinzas, de Charlie Donlea



Enfim chegou o dia de falar sobre essa história e antes de você começar a ler, há duas coisas que eu preciso te dizer:

  1. Prepare o seu coração e ligue para (11) 5199-9055. Você poderá escutar o que Victoria Ford, a  mulher que abre essa história, tem a dizer. Não se preocupe, não há nenhum spoiler nessa mensagem, apenas irá prepará-lo para o que está por vir.

  2. Este livro não é recomendado para menores de 16 anos.


Cameron Young, um famoso escritor, foi encontrado pendurado pelo pescoço na varanda do próprio quarto. Uma corda o mantinha exposto, completamente nu, para aqueles que tinham coragem de olhar. A cena era a de um crime brutal, amostras de sangue e urina, que não pertenciam a vítima, foram encontradas no quarto em que o crime ocorreu. Todas as provas levaram a mesma pessoa: Victoria Ford, amante do escritor. 

Walt Jenkins, o detetive encarregado da investigação, havia sido criteriosamente escolhido para o caso, o primeiro da sua carreira como detetive no Departamento de Homicídios. Em pouco tempo na cena do crime, Walt havia encontrado provas que formariam a base para a condenação de Victoria. O detetive só não poderia imaginar que a única suspeita seria mais uma das três mil vítimas do atentado ao World Trader Center, no 11 de setembro.




Vinte anos depois, Avery Mason estava no auge da sua carreira inesperada como âncora do American Events, o programa de televisão mais popular do horário nobre. Todos falavam sobre ela e como havia superado todas as expectativas ao assumir o programa. Aos 32 anos, depois de ver sua vida ruir, ela estava no topo novamente. Agora, com o final da temporada, Avery queria mais e o seu agente se encarregaria disso. Enquanto ele batalhava pelo reconhecimento da emissora, Avery vai a Nova Iorque desenterrar o passado.

Seguindo o seu faro jornalístico, Avery vai em busca de uma história que tem potencial para instigar a curiosidade de seus telespectadores: uma nova tecnologia de reconhecimento de DNA havia identificado os restos mortais de uma das vítimas do atentado ao World Trade Center. Em busca de informações para uma possível matéria, Avery encontra com Emma Kind, a irmã da mulher que teve o DNA identificado. Ao ouvir o que Emma tinha a dizer sobre sua irmã, Avery descobre que, mais do que uma vítima do 11 de setembro, ela tinha em mãos a história de uma mulher que antes de morrer era acusada de assassinato.

Os restos de Victoria Ford foram encontrados duas décadas depois de sua morte e Emma tinha certeza que ela era inocente. Ao contar a Avery toda história, Emma mostra uma gravação que ainda mantém registrada na secretária eletrônica. No dia do atentado, Victoria ligou para irmã. Ao entender o que poderia acontecer, Victoria pede para que a irmã acredite em sua inocência e não desista de provar para todos que ela não é um monstro.

Tocada pela mensagem e pela certeza que Emma demonstrou ao contar a história, Avery concorda em ajudá-la a investigar o caso de assassinato ao qual Victoria estava envolvida.


— Acredito piamente no destino — Emma disse. — Tudo acontece por uma razão. Acredito que o destino trouxe você até minha porta. Victoria me pediu para limpar seu nome. Ela não queria ser lembrada como uma assassina. Ao longos anos, não tive muito sucesso em refutar qualquer parte do processo contra Victoria. O sangue, a urina ou qualquer outra prova. Mas também não tive muita ajuda. Quem sabe isso não esteja prestes a mudar?


Agora, Avery precisará de todas as informações que puder conseguir. Sua busca acaba levando a Walt Jenkins, o detetive responsável pela investigação, que, após ser feriado em uma operação enquanto trabalhava para o FBI, entrou em uma aposentaria forçada. Para Avery, estar tão próxima do FBI, mesmo que através de um homem aposentado, era um risco muito grande. O FBI tinha um grande interesse no seu passado e ela não poderia deixar que desenterrassem alguns segredos. Avery não era o tipo de mulher que desiste facilmente e ela já havia se comprometido com Emma. Ela iria investigar e contar a história de VIctoria. Em meio a isso, daria um jeito em seu próprio passado.




Antes de qualquer coisa, preciso dizer que ESTE É O MELHOR LIVRO DO CHALIE DONLEA! A cada nova história, o autor vai melhorando a sua habilidade em enganar o leitor. Em "Procure nas Cinzas", Charlie Donlea atingiu o ápice e fui miseravelmente enganada por uma rede de mentiras, suspeitos e reviravoltas.

Além de dividir a história entre o ponto de vista da Avery e do detetive Walt nos dias atuais, Donlea também dividiu os capítulos entre o que acontece no passado. O passado dos três personagem de destaque na história: Victoria, Avery e Walt. Com capítulos curtos, o autor cria uma história rápida e que cativa a atenção do leitor. É impossível para de ler conforme o mistério por trás de cada personagem vai ganhando forma.

"Procure nas Cinzas" traz uma história que remete a segredos. Alguns mais sombrios que outros, mas estão aí para nos lembrar que todos carregamos algo que não queremos que outras pessoas vejam. Um assassinato, vinte anos antes, ainda é capaz de afetar a vida de muitas pessoas. Mentiras foram contadas e talvez tenha chegado o momento de serem escancaradas.




Avery é uma mulher forte, decidida e com um passado conturbado. Algumas coisas precisam ficar enterradas e se a sua história fosse descoberta colocaria tudo o que conquistou a perder. Ela tinha alcançado o topo da sua carreira sem se apoiar em nada. Agora precisava garantir que tudo continuasse desta forma.

A história de Avery vem para lembrar que negar quem somos é um caminho, muitas vezes, sem volta. O peso da atitude de pessoas próximas pode afetar o julgamento que os outros podem criar sobre nós. Mas isso deveria importar? Avery terá que lutar contra o medo de ser julgada e perder tudo por ser quem é.

Walt é um cara me aproximou da realidade. Eu consigo, facilmente, imaginar alguém como ele. É um homem que cometeu erros e sente que precisa conviver com a culpa para compensar o peso das suas escolhas. É um personagem pelo qual eu torci muito para que conquistasse um "final feliz".

Já Victoria é uma mulher que sonha em ser escritora, se envolveu com o marido da amiga, acabou envolvida em um assassinato e encontrou o fim em meio a uma grande tragédia. Tudo o que saberemos sobre ela, são pequenos momentos que serão revividos.




Os três personagens são bem construídos e com uma história repleta de segredos. A partir do ponto de vista de cada um, iremos descobrir o que aconteceu no dia do assassinato e, antes de descobrir o verdadeiro culpado, seremos enganados muitas vezes.

Por fim, as minhas considerações finais são: leiam e compartilhem! Eu adorei a história! Charlie Donlea tem uma forma única de construir suas histórias, sempre com personagem fortes e um enredo que prende o leitor. Se você gosta de um bom suspense cheio de reviravoltas, você irá se apaixonar por esse livro.

[Resenha] Nunca saia sozinho, de Charlie Donlea


Charlie Donlea, autor dos sucessos “A Garota do Lago” e “Não Confie Em Ninguém” está de volta com um thriller assustador e cheio de reviravoltas, dando continuidade ao livro ”Uma Mulher na Escuridão”, publicado no ano passado também pela Faro Editorial.

Estamos no verão de 2019, na Escola Preparatória Westmont, um internato conceituado na pequena cidade de Peppermill, Indiana. Uma escola de elite que não tinha uma única mancha em seu histórico. Os alunos eram tratados com rigor e preparados para enfrentar a vida. Mas algo estava prestes a acontecer. Um jogo sombrio acabou com dois alunos assassinados e um professor acusado. A cena do crime parecia um verdadeiro massacre. O corpo de Andrew Gross foi encontrado em meio a uma poça do seu próprio sangue dentro da antiga casa de hóspedes, que era utilizada pelos professores da escola. Enquanto o segundo corpo, de Tanner Landing, foi encontrado empalado no portão que dá acesso a casa de hóspedes. Uma imagem que jamais seria esquecida.

A casa estava abandonada há muito tempo. A escola tinha construído novas casas para abrigar os professores e o antigo casarão ficou esquecido. Com o tempo, os alunos, secretamente, passaram a ir até o local. Logo passou a ser o ponto de encontro para o jogo que poucos conheciam. “O Homem no Espelho” era apenas para os escolhidos e deveria ser mantido em segredo. Os alunos eram escolhidos com base em diversos desafios. Na noite de 21 de julho de 2019, aconteceria o último desafio. Seis alunos do terceiro ano iriam até a casa de hóspedes para uma noite decisiva.


Um ano depois, o caso da Escola Preparatória Westmont voltava à tona. Para polícia, o assassino já tinha sido encontrado, mas havia pontas soltas demais para confiar no resultado das investigações. Algo estava errado. A história atraiu alguns jornalistas, como Ryder Hillier e Mark Carter. Ryder estava no caso desde a noite dos assassinatos. Ela vinha investigando por conta própria e postando as informações no seu blog e canal no Youtube. E foi graças as suas matérias que outros jornalistas passaram a se interessar novamente pelo caso. Um deles é Mark Carter, que agora estava no comando do podcast “A casa dos suicídios”. Nele, Mark trazia um relato da tragédia que ocorreu na Escola Preparatória Westmont durante o verão de 2019, o resultado das investigações e as mortes que aconteceram em seguida. Depois dos assassinatos, os alunos que sobreviveram ao massacre voltaram à casa de hóspedes para se matar.

Com o mistério na mídia novamente, Lane Phillips, um dos melhores psicólogo forense e analista de perfis criminais, é contratado para participar do podcast de Mark Carter. Para Lane seria um caso excelente, mas ele sabia que mais alguém se interessaria pelos assassinatos: Rory Moore. Eles estavam juntos há anos e Rory tinha um enorme talento para reconstituir casos arquivados. Mais do que algo que ela sabia fazer, era quem ela é. Rory precisava dos casos para controlar a mente. Diagnosticada com espectro autista, comportamento antissocial, fobia social e agorafobia, era na reconstituição dos casos que ela colocava sua mente em ordem.

Uma vez em Peppermill, Lane e Rory vão atrás de mais rastros do assassino. Mas eles não estão sozinhos, poderão contar com a ajuda do detetive Ott e Ryder Hillier, que estão mais do que interessados em chegar ao fim dessa história. Eles logo irão descobrir que há mais segredos envolvidos nessa história do que poderiam imaginar.


Eu preciso que vocês saibam que eu me surpreendi demais com essa história. “Nunca saia sozinho” é um livro envolvente. Os capítulos vão se alternando entre os personagens e entre o que aconteceu no verão de 2019 e os resultados desse crime em 2020. Os capítulos são curtos e sempre terminam com algo que chame a nossa atenção para o capitulo seguinte. Não muito distante disso, os personagens também nos conquistam de cara. Lane e Rory já são velhos conhecidos para quem leu “Uma mulher na escuridão” (inclusive, você precisa ler este livro antes, se não quiser tomar nenhum spoiler no caminho). Os dois formam uma dupla perfeita. Além disso, o autor usa muito bem o fato de Rory ter espectro autista, de forma bem simples e direta ele nos faz enxergar mais do que um diagnóstico.

O mistério sobre o assassino, apesar de algumas vezes ter ficado em segundo plano, foi o que me instigou a não parar a leitura. Não que a leitura não estivesse boa, pelo contrário, mas os suspeitos que foram aparecendo e as teorias que fui criando para tentar encontrar o assassino me deixaram bastante curiosa para terminar logo.

Fiquei um pouco triste por não ter visto tanto da Rory e do Lane nessa história. Os dois são importantes para a conclusão do caso, mas há tantos pontos sendo abordados nessa história, que eles muitas vezes acabaram ficando um pouco de lado.

Já o final foi, no mínimo, chocante. Eu estava absolutamente certa de que sabia quem era o assassino e acabei tomando um balde de água fria nos últimos capítulos. Em nenhum momento desconfiei do verdadeiro culpado. Foi uma reviravolta muito bem criada para surpreender o leitor. E posso dizer que deu muito certo.


O que posso dizer para concluir?
Nunca saia sozinho” é mais uma prova do talento que Charlie Donlea em escrever boas histórias. Seus livros trazem personagens com histórias incríveis e bem construídas, além de uma boa dose de suspense. É impossível não acabar apaixonado por cada livro e desejar que o próximo chegue logo.

Por fim, deixo com você a escolha de ler e ser surpreendido com um bom livro ou sofrer com a curiosidade para saber o desfecho desse mistério.

[Resenha] Quase Rivais, de J. Sterling


Julia está prestes e ganhar o primeiro lugar mais uma vez. Mesmo sem o resultado, ela sabe que fez um bom trabalho nessa temporada e que o seu vinho será o melhor da noite. Tem sido assim nos últimos anos. Desde que convencera os seus pais a deixar que trabalhasse no negócio da família, ela vinha pesquisando e trabalhando duro para aumentar o sucesso dos Vinhos La Bella. O resultado vinha a cada temporada, quando o seu trabalho era recompensado com o primeiro lugar.

Tão certo quanto o prêmio seria dela, o segundo lugar estava garantido aos Vinhos Russo. James parecia acostumado a perder para Julia todos os anos. Ainda assim ele estava sempre lá, ainda não havia desistido de participar. Julia só não sabia se era porque ele tinha a esperança de vencê-la algum dia ou se ele apenas gostava de estar cercado de mulheres durante o evento. James era um homem lindo, era impossível não nota-lo ou ignorar sua presença. Julia não lembrava quando o tinha visto em um relacionamento sério. Ele estava mais para o tipo de homem que sai com todas, sem se prender a nenhuma mulher. Mas isso não deveria ter importância para Julia. Ela nunca poderia se envolver com o inimigo.

A família La Bella e a família Russo eram bastante conhecidas na cidade. A rivalidade entre eles era contada de geração em geração e mesmo sem saber todos os motivos que levaram a essa guerra, Julia cumpria com a única regra imposta pelo pai: ficar longe de qualquer membro da família Russo. Era isso ou seria deserdada e perderia o seu emprego na empresa da família. Era uma regra que seu pai jamais abriria mão e um preço alto demais. A sua vida era resumida ao seu trabalho com os vinhos e Julia não colocaria isso em risco por alguém como James. Não importa o quanto se sentisse atraída por ele.


Para James, estava mais do que na hora de acabar de uma vez por todas com essa rixa. Pelo o que ele conhecia da história, não entendia o motivo da família La Bella ter tanto ódio deles. Eles tinham ganhado a aposta e saído no lucro com a aposta, pelo menos financeiramente. Se Julia também sabia de todos os detalhes da história, não havia motivo para odiá-lo. Ele se sentia atraído por ela há muitos anos. Ainda lembrava nitidamente do dia que a havia conhecido, quando ainda eram apenas duas crianças, e desde então nunca mais havia se interessado por outra mulher. Enquanto isso, Julia não parecia sentir o mesmo ou, se sentia, não estava disposta a acabar com a briga entre as duas famílias para ficar com ele. Mas James estava disposto a correr o risco uma vez mais. Julia havia quebrado seu coração uma vez e ele estava disposto a ter seu coração destroçado uma vez mais se existe a mínima possibilidade de ficarem juntos.



Os primeiros capítulos vão apresentando aos poucos a história dos protagonistas e os motivos que os separam. Como um dos romances mais conhecidos da história, há duas famílias que se odeiam e serão uma barreira para qualquer aproximação do casal. Aos poucos James vai tomando coragem para seguir o seu coração, mesmo com o medo da rejeição. Enquanto isso, Julia começa a reconhecer o sentimento que vinha negando por tantos anos. E depois de tantos anos, a rixa que separa as duas famílias mais famosas da cidade pode chegar ao fim.

Julia é uma mulher bonita, decidida e ama trabalhar no negócio da família. Todos os anos ela trabalha bastante para inventar novas combinações. Seu trabalho deste ano rendeu um saboroso Chianti com combinação de canela. O vinho estava perfeito, desde o sabor a garrafa. Julia havia criado uma linha de vinhos com edições limitadas e cada garrafa ganhava um detalhe especial. Sua vida se resumia a isso. Ela amava criar novos vinhos e administrar a vinícola. Mas secretamente, ela mantinha a atração por James Russo.

As terras da família Russo eram vizinhas as da família La Bella e, como se não fosse pouco, as casas principais ficavam lado a lado. Julia cresceu tendo como vista do seu quarto a janela do quarto de James, o que tornou sua decisão de manter-se longe do inimigo quase impossível.

Agora estava cada vez mais difícil de ficar longe. James parecia disposto a provoca-la a cada instante e só Deus sabe como ela tem se esforçado para ficar longe dele. Ceder ao desejo ou o que quer que ela sentisse por ele, seria burrice. Pior que isso, era arriscar a vinícola, sua herança, seu trabalho pelo qual havia lutado muito para conseguir. Ela precisava ter certeza do que iria fazer. Um passo na direção de James a levaria para longe de sua família.

Quase Rivais” é um romance leve, divertido e cativante. Julia e James conquistam o leitor nas primeiras páginas e logo estamos torcendo por eles. O livro é curto, mas muita coisa acontece sem deixar a história corrida ou difícil de acompanhar. Os capítulos são divididos entre o ponto de vista da Julia e o de James. Aos poucos vamos conhecendo o motivo que separou as duas famílias e vendo as barreiras caírem pouco a pouco, conforme Julia e James vão se aproximando.

É uma leitura rápida, do tipo de livro para ler em um único dia. Uma boa releitura de um clássico de Willian Shakespeare, “Romeu e Julieta”, com uma dose de romance clichê que conquista o coração de todos.

[Resenha] Des-grávida, de Jenni Hendriks e Ted Caplan



Veronica Clarke é a aluna perfeita, namora um dos atletas da escola e foi aceita para a faculdade dos seus sonhos. Além disso, o ano letivo já estava acabando e ela tem grandes chances de ser a oradora da turma. Não há nada que pudesse impedi-la de se formar com louvor no ensino médio. Nada, a não ser o resultado de um único teste. Ela havia se preparado para todos os exames e tirado boas notas, mas aquele era um que ela esperava ser reprovada. O mundo parecia desabar sobre ela naquele momento. Escondida em uma cabine do banheiro feminino, ela tentava manter a calma enquanto esperava o tempo necessário para saber a resposta. De repente, a porta do banheiro é aberta e com o susto o teste vai parar longe. E aí, quando tudo parecia dar errado, o destino prova que ainda pode ser cruel. Do outro lado da cabine está sua ex-melhor amiga, Bailey Butler. Uma garota problemática, que assustava a todos na escola. Elas costumavam andar juntas, mas ao entrar no ensino médio, Veronica tinha decidido que buscaria novas amizades e seria a garota perfeita e isso não incluía Bailey. Por isso, desta vez, nada impediria que Bailey usasse o que havia descoberto ao seu favor.

Veronica teria que correr contra o tempo e agarrar sua única chance. Ela não se sente pronta para ter esse filho e algo descobrir o que o seu namorado perfeito havia feito, ela consegue decidir o que precisa ser feito. Ela não terá esse bebê. Mas para seguir com o plano, ela vai precisar de ajuda e já que ela não poderá contar com o seu namorado nem com nenhuma das suas amigas perfeitas, sua única opção será recorrer a única pessoa que não a julgaria por isso: Bailey. Veronica só precisaria convencer sua ex-melhor amiga a salvar os seus planos.

Por algum motivo, Bailey aceita a proposta e irá partir em uma viagem rumo a uma clínica de aborto. Uma viagem de final de semana onde ninguém poderia desconfiar dos motivos de Veronica estar longe. Durante todo o percurso algumas verdades serão expostas e revividas. O motivo de Veronica ter se afastado da única pessoa que a conhecia e sequer a julgava, o medo que ela tem de não ser a garota perfeita que todos esperam. Enquanto isso, ela poderá redescobrir uma amizade que ela já nem lembrava que sentia falta. Bailey criou uma personagem forte e corajosa para mostrar a todos, mas ainda existe uma parte dela que talvez só Veronica possa alcançar.




Des-grávida” é um livro leve e que pode aparentar girar em torno da decisão que Veronica Clarke precisa tomar. Mas nada é tão superficial assim. É uma história que fala sobre medo, decepções, fardos maiores do que deveríamos carregar. O que mais me chamou a atenção neste livro é o fato de ser exatamente isso: não se trata sobre o aborto. Veronica não tem dúvidas sobre o que irá fazer. Ela está totalmente consciente das consequências e o que poderia ser da sua vida se ela somente assumisse a gravidez. Mas essa não é uma opção para ela. Desde o começo, por mais que ela estivesse com medo de assumir que era o que ela realmente queria, ao chegar o momento, ela está totalmente segura de ter feito a escolha certa.

No fim, o aborto acaba sendo um assunto secundário, sem tanta importância na história. E isso me ganhou. Os autores souberam dar importância a pontos importantes e que também merecem nossa atenção, como a amizade e a aceitação. Tanto Veronica como Bailey se passam por pessoas fortes e decididas, mas por trás estão sempre em busca de algo mais. Veronica que ser aceita, ser melhor. Bailey também quer ser aceita, mas diferente da Veronica, ela não quer que as pessoas a vejam como alguém perfeito. Ela quer se vista como realmente é e sem ser julgada por isso.

Aos poucos vamos entendendo o que a separaram e iremos presenciar a aproximação das duas. E essa é uma amizade que nos conquista logo de cara. São duas pessoas diferentes e ao mesmo tempo bastante parecidas. O que só torna o livro ainda mais gostoso de ler.

Agora, antes de terminar essa resenha, preciso dizer o quanto eu o-d-i-e-i o namorado da Veronica. Gente do céu, que cara insuportável, detestável e infantil. Não consigo descrever o quanto ele me deixou desesperada para terminar a leitura. Em alguns momentos tive que deixar o livro de lado para respirar e acalmar a raiva que eu tive dele. Ele tem um medo irracional de perder a Veronica, o que me fez entender que o que ele sente por ela sequer é amor. O relacionamento deles é abusivo e isso aparece de forma sutil na história. Talvez sutil não seja a palavra certa, mas é demonstrado de uma forma tão “discreta” que algumas pessoas achariam normal. E com o decorrer da história isso vai ficando cada vez mais nítido, até chegar a um ponto que é impossível não querer matar o personagem em cada aparição dele na história.

Enfim.

É isso. Eu adorei a leitura! É uma história que apesar de ter um tema pesado, foi crescendo e se desenvolvendo de forma leve, divertida e próxima da realidade. Traz uma leitura leve, fluída e contagiante. É um livro que vale a pena conhecer e gostosinho de ler.